Baixa convicção. Noticiário ainda com viés negativo (por parte da mídia) no Brasil.

Mercados – Confesso que estou com baixa convicção neste momento. Vejo poucas mudanças de cenário, mas uma dinâmica “esquisita” em algumas classes de ativos, como os emergentes e o Brasil. A despeito de ver um longo-prazo de recuperação cíclica e, consequentemente, de cenário relativamente construtivo para o país, entendo que alguns vetores de curto-prazo podem manter os ativos em dinâmicsa de acomodação/realização de lucros. Escrevi mais sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/posicoes-e-alocacoes.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/cenario-economico.html.
Ainda vejo como cenário base uma normalização monetária no mundo desenvolvido. Acredito que este processo será estrutural e está apenas em seu começo. Não vejo, neste momento, este processo como um evento de ruptura, mas existia uma certa leniência por parte dos mercados que parece estar sendo ajustada nos últimos dias. Este é o cenário o qual tenho maior convicção.

Quanto ao Brasil e aos emergentes, vejo um cenário mais robusto do que no passado, o que deveria trazer alguma blindagem ao longo do tempo. Contudo, nos níveis de preço, valuation e posição técnica que os ativos atingiram nos últimos meses, movimentos de realização de lucros como os observados nas últimas semanas não podem ser vistos como surpreendentes.

Ficamos assim: Ainda vejo um curto-prazo de cautela e volatilidade, mas um longo-prazo construtivo. Será importante, e também extremamente difícil, prever até onde irá a realização de lucros ou se estamos diante de uma mudança fundamental de cenário, como cheguei a escrever aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/possivel-mudanca-de-cenario.html.

Por isso, continuo trabalhando com um portfólio mais balanceado e menos direcional, focado em temas específicos, mais tático em algumas classes de ativos e com a busca incessante por hedges.

Brasil - Os jornais do final de semana continuam dando destaque para o cenário político local. O Presidente Michel Temer foi submetido a uma cirurgia e está internado. Há expectativas de que ele terá alta amanhã. As primeiras informações são de que o problema de saúde é brando e não deveria afetar o dia-a-dia do Presidente. No meio do imbrólio político que o país vive, contudo, os investidores deverão se questionar se Temer terá forças (saúde) políticas para continuar tocando uma pauta econômica agressiva.

Em novas aparições na mídia, o Presidente da Câmara Rodrigo Maia continua adotando um tom mais independente do Palácio do Planalto. Eu não iria muito na linha de acreditar que seja um tom duro ou contrário ao Planalto, porém uma postura mais realista e independente. Segundo Maia, não há base no governo nem mesmo para aprovar MPs mais impopulares.

Nova pesquisa do Ibope (vide abaixo) mostra um quadro eleitoral bastante parecido com o que outras pesquisas eleitorais já haviam mostrado, ou seja, Lula ainda na liderança, seguido de Bolsonaro e Marina, dependendo do cenário. Acredito que ainda falta tempo para as eleições trazerem um impacto definitivo nos mercados locais.  A “Variável Lula” ainda será importante, já que o quadro eleitoral será um com a participação de Lula e o quadro será outro sem sua participação direta:

Lula, com 35%, e Jair Bolsonaro (15%) iriam para o segundo turno se as eleições de 2018 fossem hoje. Luciano Huck teria entre 5% e 8%. Lula e Jair Bolsonaro iriam para o segundo turno se as eleições presidenciais fossem hoje. É o que mostra a primeira pesquisa feita pelo Ibope para medir o pulso da corrida presidencial de 2018. Em qualquer cenário apresentado ao eleitor, Lula fica com o mínimo de 35% e o máximo de 36% das intenções de voto. Bolsonaro aparece com 15% quando enfrenta Lula. E cresce para 18% se o ex-presidente for substituído por Fernando Haddad (neste caso, está empatado com Marina Silva). A pesquisa foi feita entre os dias 18 e 22, com 2.002 pessoas em todos os estados brasileiros, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Cenário mutante  - Marina Silva é a terceira colocada em qualquer cenário com Lula. Tem índices entre 8% e 11%, dependendo dos adversários. Se Lula ficar de fora, Marina lidera, empatada com Bolsonaro.
Terceiro pelotão - Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e João Doria surgem embolados num pelotão abaixo, com percentuais entre 5% e 7%. Ciro sobe até 11% quando Lula é substituído por Haddad (que tem a preferência de 2%).
Voto espontâneo  - Quando o Ibope não apresenta ao entrevistado uma cartela com os nomes, ou seja, a citação sobre o candidato é espontânea, Lula aparece com 26% das intenções de voto (no Nordeste, tem 42%) e Bolsonaro, com 9%. A turma seguinte fica muito distante, entre 2% (Marina) e 1% (Ciro, Alckmin, Dilma, Temer, Doria).
O outsider  - Luciano Huck foi testado na pesquisa. E está no patamar do governador e do prefeito de São Paulo: 5% (quando disputa com Lula) e 8% (se Haddad entra na corrida).
Entre zero e 1%  - Henrique Meirelles, que trabalha de forma intensa mas não assumida para ser candidato, vai ter que elevar o Brasil a um crescimento chinês para ter alguma chance. Mesmo quando seu nome era apresentado ao entrevistado, teve entre zero e 1%, dependendo dos adversários.
Os Bolsominions  - A pesquisa permite detalhar quem é o eleitor de Bolsonaro. Eis um perfil: mais masculino que feminino, jovem (a faixa entre 16 e 24 anos forma o maior contingente de seus apoiadores), tem curso superior e mora nas regiões Norte e Centro-Oeste. É também mais evangélico que católico e ligeiramente mais branco que negro.
Nuvens no horizonte  - Henrique Meirelles está preocupado com duas ameaças de apagão para o PIB: a seca, que vai aumentar a tarifa de luz e a inflação; e a possibilidade de falência bilionária da Oi, que pode afetar o balanço de vários bancos, incluindo os privados.

EUA – A semana será bastante relevante com a possível nomeação do novo Presidente do Fed, o avanço da agenda legislativa, e importantes dados econômicos. Ainda vejo a nomeação do Fed como uma distração para o mercado. O cenário econômico continua de importância muito maior, assim como a potencial Reforma Tributária.

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