Cenário externo e posição técnica ditando a dinâmica dos ativos locais.
A noite
foi de poucas novidades relevantes. A toada do mercado continua a ser de
abertura de taxas de juros nos EUA e fortalecimento do USD no mundo. Tenho
enfatizado este pano de fundo já há algumas semanas. Para não soar repetitivo,
minha visão pode ser encontrada aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.
O
destaque do dia ficará por conta dos dados de mercado de trabalho nos EUA. Devido às catástrofes naturais que assolaram o
país no último mês, o mercado espera uma criação mais baixa de postos de
trabalho em setembro. Os rendimentos médios reais podem ficar firmes, devido a
questões sazonais. De qualquer maneira, qualquer resultado poderá ser
descontado pelo mercado, pois será de difícil leitura. O DB declarou que: The
risks for market participants are somewhat asymmetric in that a weak NFP print
should be rightfully discounted due to weather-related disruptions while a more
robust employment gain would add to policymakers’ confidence that the growth
outlook remains very much positive.
No
Brasil, os ativos locais devem seguir o humor global a risco. Hoje será
divulgado o IPCA fechado de setembro, com o mercado esperando uma alta de 0,09%
MoM. Mesmo que com pequenas flutuações em torno deste número, o pano de fundo
deverá continuar de inflação baixa e controlada. As coletas de inflação estão
rodando acima do “baseline” para o IPCA de outubro, mas ainda em patamar baixo
e controlado.
O noticiário
político continua sendo fonte de ruído. A base do governo está fazendo “jogo
duro” nesta segunda denuncia contra Temer, mas não me parece nada além de ruído
pontual. A agenda legislativa está caminhando a passos lentos. A Reforma
Política avança, o Refis (muito mais brando do que o esperado) foi aprovado,
mas matérias mais relevantes da pauta econômica estão trancadas neste momento.
Ainda me parece inviável falar em Reforma da Previdência.
Os
ativos locais, em especial o mercado de juros, têm apresentando desempenho
bastante ruim nos últimos dias. Isso pode ser explicado por um conjunto de
fatores, tais como: posição técnica, nível de preço, influência externa e uma
visão de que o BCB esteja próximo do final do ciclo de queda da Taxa Selic, o
que tornaria o mercado de juros com menos assimetria. Acredito que todos estes
argumentos são válidos e verdadeiros. Vejo o mercado ainda em processo de
acomodação. Contudo, acredito que haja espaço para ganhos moderados de capital
na parte intermediária da curva. Confesso que prefiro esperar um sinal de
melhora na dinâmica para estruturar posições mais relevantes. Por hora, o “price-action”
segue bastante ruim e preocupante, mas valor está sendo criado na curva.
O
cenário de “Reflation” global deveria continuar a favorecer a bolsa em
detrimento aos demais ativos, mas é natural que o mercado não suba em linha
reta, sem períodos de realização de lucro. Ainda há amplo espaço para
realocação das carteiras para esta classe de ativos, mas o movimento recente.
Continuo sem visão estrutural para o BRL. Acredito que o “range” de 3,05-3,25
deverá ser mantido.
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