Dinâmica extremamente ruim. Cautela prevalece.

Os ativos emergentes e o Brasil, em especial, tiveram um dia de dinâmica extremamente ruim. Acredito que o mercado esteja sendo afetado por um conjunto de fatores, locais e externos, que estão induzindo um movimento clássico de realização de lucros nesta classe de ativos (emergentes no geral). 

Ainda vejo um curto-prazo desafiador, o que demanda cautela, como tenho reforçado todos os dias nas ultimas semanas. Até o presente momento, contudo, ainda nao vi mudanças de cenário local, a despeito de já ver sinais claros de mudança no cenário externo (como escrevi aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2017/10/possivel-mudanca-de-cenario.html?m=1).

Acredito que valor esteja sendo criado em vários ativos e que oportunidades de alocação estão se desenvolvendo. Contudo, as incertezas externas, a posição técnica, a sazonalidade de final de ano e o nível de preços de muitos ativos mostra que cautela ainda é necessária no curto-prazo.

De forma geral, vimos uma forte abertura de taxa de juros, em uma reação mais técnica a percepção de que o BCB está próximo do final do ciclo de queda da Taxa Selic. Acredito que o mercado de juros local ficara com menor apelo, mas aberturas adicionais de taxa trarão pontos interessantes de alocação em busca de compressão dos prêmios de alta de juros a partir de 2018.

O BRL acabou sofrendo com o humor global a risco após uma forte queda do EUR em reação a decisão do ECB. Por ora, o range que vinha chamando a atenção, de 3,05-3,25 esta sendo rompido, muito em função do cenário externo. Nestes níveis, maior atenção é necessária. A despeito de um cenário positivo de contas externas e de baixo risco de hiper desvalorização, o mercado de cambio é global e devera seguir o humor das demais moedas.

O Ibovespa acabou sendo afetado por este humor mais negativo nos mercados de cambio e juros.

Na Europa, o ECB anunciou uma redução do QE para EUR$30b por mês, muito em linha com as expectativas. Seu comunicado, ou fosses guidance, foi lido como mais dovish. no meu. Ponto de vista, o cenário base foi mantido, ou seja, importantes bancos centrais ao redor do mundo estão e um claro processo estrutural de normalização monetária e apenas no inicio deste processo. Isso devera gerar importantes desdobramentos para o mercado nos próximos meses.

Encerro aqui como uma visão de posição. Ainda miro posições aplicadas em juros no Brasil, via o meio da curva de NTNB. Acredito que o Brl esteja em posição mais frágil neste momento, mas nao deveria apresentar uma mega desvalorização como no passado. A bolsa continua sendo o ativo de melhor apelo no atual cenário, mas poderá sofrer os efeitos de curto-prazo citados anteriormente.

Reforço o que escrevi na noite de ontem:

No Brasil, o Copom caiu a Taxa Selic em 75bps como era amplamente esperado e sinalizou para uma nova redução do ciclo de queda. O mercado entendeu o comunicado como indicando uma taxa Selic terminal em 7%, com uma probabilidade mais baixa, neste momento, de juros abaixo deste patamar.

Reforço aqui o que escrevi nos últimos dias. Acredito que o mercado de juros ira perder um pouco de apelo para ganhos de capital no curto-prazo. Ainda vejo espaço para a compressão da parte intermediária da curva, na expectativa de juros mais baixos, por mais tempo, mas me parece cada vez mais claro que os grandes ganhos nesta classe de ativo, neste ciclo econômico, já foram realizados. Uma postura mais tática será requerida neste mercado, mesmo que com a posição "core"ainda aplicada. Estou preferindo a curva real de juros em detrimento aos juros nominais neste momento.


No campo político, Temer superou a segunda denuncia contra ele, mas por um placar bastante apertado. Este cenário já vinha se desenhando nos últimos dias. O placar mostra insatisfação da base com o atual governo e pode ser um pouco mal recebido pelo mercado no curto-prazo. Dificilmente reformas impopulares e/ou menos óbvias serão aprovadas neste governo. Acredito que parte disso já estava precificado, mas em meio a um cenário externo turbulento, preços e posição técnica menos atrativos no curto-prazo, e um calendário de final de ano que desfavorece incremento de risco (ou favorece realizações de lucros), nao me surpreenderia com continuidade de um movimento de acomodação/realização dos ativos locais.

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