Cautela prevalece.

Os ativos de risco continuam no meio de um processo de ajuste a uma nova realidade de política monetária em alguma das principais economias do mundo mas, em especial, nos EUA. 

Amanhã será um dia importante, já que a decisão do ECB terá um peso essencial neste processo descrito acima, podendo acentuar os movimentos de curto-prazo, ou trazer alguma acomodação momentânea. Confesso que estou com poucas convicções em relação a decisão do ECB especificamente, mas entendo que ela possa causar movimentos relevantes de curto-prazo. 

Trabalho com um cenário base em que o processo de normalização monetária no mundo desenvolvido ira continuar nos próximos meses (quiça anos), independente de movimentos pontuais em reação a decisões especificas como a de amanhã.

Acredito que o processo esteja sendo bem comunicado e, enquanto não houver sinais claros de inflação, tem tudo para ser gradual. Todavia, vários mercados e classes de ativos parecem mais posicionados, ou ainda mal precificados, para este tipo de ajuste, o que pode levar a movimentos relevantes ao longo do tempo.

No Brasil, o Copom caiu a Taxa Selic em 75bps como era amplamente esperado e sinalizou para uma nova redução do ciclo de queda. O mercado entendeu o comunicado como indicando uma taxa Selic terminal em 7%, com uma probabilidade mais baixa, neste momento, de juros abaixo deste patamar.

Reforço aqui o que escrevi nos últimos dias. Acredito que o mercado de juros ira perder um pouco de apelo para ganhos de capital no curto-prazo. Ainda vejo espaço para a compressão da parte intermediária da curva, na expectativa de juros mais baixos, por mais tempo, mas me parece cada vez mais claro que os grandes ganhos nesta classe de ativo, neste ciclo econômico, já foram realizados. Uma postura mais tática será requerida neste mercado, mesmo que com a posição "core"ainda aplicada. Estou preferindo a curva real de juros em detrimento aos juros nominais neste momento.


No campo político, Temer superou a segunda denuncia contra ele, mas por um placar bastante apertado. Este cenário já vinha se desenhando nos últimos dias. O placar mostra insatisfação da base com o atual governo e pode ser um pouco mal recebido pelo mercado no curto-prazo. Dificilmente reformas impopulares e/ou menos óbvias serão aprovadas neste governo. Acredito que parte disso já estava precificado, mas em meio a um cenário externo turbulento, preços e posição técnica menos atrativos no curto-prazo, e um calendário de final de ano que desfavorece incremento de risco (ou favorece realizações de lucros), nao me surpreenderia com continuidade de um movimento de acomodação/realização dos ativos locais.

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