Brasil: Dinâmica ruim continua. Cautela ainda é necessária.

Os ativos locais tiveram mais um dia de dinâmica extremamente ruim. O Brasil está passando por um momento de reavaliação do cenário externo, especialmente no tocante aos mercados emergentes, em um momento de preços/valuations menos triviais, posição técnica já comprometida e baixa disposição a tomada adicional de risco por parte dos investidores com a proximidade do final de ano. Além disso, parece não haver ímpeto no noticiário local, como no passado recente (reformas e afins) para um descolamento, ou over-performance, dos ativos locais em relação aos seus pares. Acredito que a combinação destes vetores esteja levando a dinâmica ruim de curto-prazo.

Não vejo estes vetores se dissipando rapidamente no curto-prazo, mas tampouco vejo eles como extremamente negativos a ponto de gerar uma correção muito mais rápida e acentuada como em eventos/momentos recentes (como nas eleições do Trumo e/ou no momento do vazamento da delação premiada da JBS).

Assim, mantenho uma postura de cautela no curto-prazo, mas sem alterar um cenário relativamente construtivo de médio-prazo para os países emergentes e o Brasil. Acredito que a partir de agora os ganhos serão menos triviais, dependerão mais de postura tática e a composição do portfólio fará diferença fundamental na performance.

Continuo disposto a elevar as alocações em ativos locais, neste momento em patamar baixo devido à dinâmica terrível, a baixa visibilidade do cenário externo e a minha baixa convicção de curto-prazo, vetores já amplamente comentados em textos anteriores. Ainda não acho que seja o momento de estar com posições consideradas elevadas em Brasil, mas mantenho pequena alocação a parte intermediária e longa das curvas reais de juros e pequena alocação, via estruturas de opção, no mercado de renda variável.

Prefiro esperar uma definição mais clara do cenário externo, preços mais atrativos/stressados e/ou sinais mais claros de avanço da agenda de reformas para elevar as alocações de forma mais agressiva. Enquanto isso, manterem postura tática e sem preconceito com a direção dos mercados. Tenho dúvidas de que teremos visibilidade em relação aos vetores citados anteriormente ainda este ano, mas estou mantendo flexibilidade e mente a aberta para qualquer um dos cenários.

Nos EUA, tivemos um dia de certa incerteza, com os investidores voltando a duvidar da capacidade da administração de Trump colocar em prática uma agenda de reformas. As acusações de alguns membros da campanha presidencial do atual presidente também ajudaram a dar um humor mais negativa aos ativos dos EUA, com as bolsas, os yields e o dólar em queda.

Os dados econômicos, como Personal Income e Spending ficaram acima das expectativas, confirmando um cenário de robustez da economia. A mídia já dá como certa a indicação de Powell como presidente do Fed.

Ainda vejo uma economia em pleno emprego, com hiato do produto fechado e um Fed em certo “piloto automático” no processo de normalização monetária. Acredito que alguma Reforma Tributária/Fiscal será implementada. Ainda vejo um  cenário estrutural de abertura de taxas de juros.

Na Europa, a inflação da Alemanha ficou abaixo das expectativas.

Na China, a noite foi de certa incerteza de cenário, com bolsas em queda e juros em alta. O encerramento do Congresso no país pode marcar um ponto de inflexão importante para a economia e qualquer movimento no país precisa ser acompanhado de perto. Vejo um cenário de relativa estabilidade, mas como menos suporte a partir de agora se comparado aquele cenário que prevalece ao longo do ano até agora.


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