Combinação de dados positivos para os ativos de risco.
Os dados econômicos dos EUA
divulgados hoje pela manhã, o qual fiz referência nos últimos dias, não
poderiam ter sido mais positivos para a manutenção do status-quo dos ativos de risco, ou seja, uma apreciação gradual dos
ativos de risco, com foco nos ativos cujos os fundamentos se mostram mais
sólidos, a posição técnica mais favorável e os preços/valuations atrativos. Clássico
alguns ativos no Brasil dentro dessa descrição.
Assim, mantenho a visão
de “Beautiful Reflation” como cenário base. A despeito do Core CPI ter ficado
abaixo das expectativas, e colocar em dúvida uma alta de juros por parte do Fed
em dezembro, ainda me parece cedo para abandonar minha visão de que no atual
nível de crescimento (acima do potencial), com o mercado de trabalho robusto, e
o hiato do produto praticamente fechado, ainda é necessário um processo, mesmo
que gradual, de ajuste na política monetária dos EUA (e de muitos países/regiões
do G10) e, consequentemente, um ajuste nas taxas de juros de mercado. Este
ambiente me coloca mais para o “Beautiful Reflation” do que para o “Goldilocks”,
neste momento.
Apenas uma sequência de dados de inflação mais fortes, ou um
choque exógeno inesperado parecem capazes de tirar os mercados globais desta
dinâmica. Enquanto isso não ocorrer, e o consenso de mercado permanecer sendo
ratificado pelos dados econômicos, devemos seguir na trajetória de apreciação
gradual dos ativos de risco (falando de forma generalizada).
Em relação aos dados econômicos dos EUA: Vimos um Core CPI de
0,1% MoM e 1,7% YoY em setembro, abaixo das expectativas do mercado; Vendas no
Varejo bastante robustas; e um Consumer Confidence passando de 95,1 para 101,1
pontos, novo pico para este ciclo econômico. Tendo a acreditar que dificilmente
teríamos uma combinação de números mais positivos para os mercados.
Os próximos dados de atividade podem ser afetados pelos efeitos
dos furacões que assolaram o país, o que os tornará de difícil leitura. Os próximos
temas para o mercado, assim, ficarão por conta da indicação do novo membro do
Fed e o avanço da Reforma Tributária.
Em relação ao Fed, dos nomes que estão sendo ventilado, apenas
Warsh me parece capaz de afetar, mesmo assim apenas pontualmente, os mercados.
Uma vez nomeado, se nomeado, acredito que todo eles adotariam um tom
conciliador no curto-prazo e dificilmente alterariam a política monetária nos
primeiros meses. No tocante a Reforma Tributária, parece consenso hoje que
dificilmente ela irá avançar. Assim, qualquer sinal de avanço poderá trazer
efeitos significativos e duradouros para os ativos de risco.
O Brasil parece estar no meio deste processo de acomodação dos
ativos de risco, sem grandes novidades ou triggers de curto-prazo. O cenário político
é fluido, a despeito da pauta do Congresso estar travada com a segunda denúncia
contra Temer. Os jornais trazem uma série de notícias, mas tudo me parece
ruídos até o momento.
Nos últimos dias vimos uma deterioração nas coletas de inflação,
o que levou nosso baseline para o próximo mês para níveis mais elevados. Ainda
é cedo para pensar em mudança de tendência, mas os números reforçam a
estratégia do BCB em reduzir o ritmo de queda da Taxa Selic e encerrar este
ciclo de cortes de taxas. Ainda me parece haver espaço para a compressão dos
prêmios de alta de juros na parte intermediaria da curva, mas este processo
deverá ser feito de maneira mais gradual de agora em diante.
De maneira geral, ainda vejo espaço para apreciação da bolsa
local e vejo o BRL no range entre 3,05-3,25.
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