Viés negativo, ruídos no Brasil e escolha de portfólio.
Os
ativos de risco tiveram uma quinta-feira negativa e estão mantendo este tom nesta
sexta-feira pela manhã.
Vejo
alguns vetores sustentando estes movimentos mais negativos: Sinais de que um
acordo entre EUA e China está longe de ser concretizado, a continuidade de
dados econômicos negativos na Europa, uma piora nos preços, valuations e posição técnica desde fins
de dezembro, além de sinais (“guidances”) mais negativos do setor corporativo
para os lucros à frente.
Como
vejo grande parte desses vetores como estruturais e não cíclicos, mantenho um
viés mais negativo para o cenário externo. Entendo que o ano será, assim como
2018 marcado por mais volatilidade e incerteza, com momentos de otimismo, como
o mês de janeiro, sendo seguido de períodos mais pessimistas, como o atual.
Como gestores, precisaremos saber navegar neste ambiente mais turbulento.
Minha
recomendação continua sendo mais cautelosa com os ativos internacionais, com
excesso de hedges e proteções. Gosto de JPY, CHF, Ouro, Puts de HYG e S&P,
tomado em spreads de Itália e Espanha.
Vale
lembrar que o VIX (volatilidade implícita média das ações nos EUA) chegou a
bater próximo a 15% na quarta-feira, momento em que voltamos a estruturar recomendações
mais agressivas nestes ativos. A despeito dos 15% parecer elevado para o
histórico recente de vols baixas (em 2017 chegou a operar a maior parte do
tempo próximo a 10%), a média histórica mais longa da volatilidade implícita
chega próxima (ou supera) aos 20% em vários longos períodos do passado.
No
Brasil, o mercado sente o desconforto com a velocidade que a aprovação da
Reforma da Previdência pode tomar de tempo do Congresso, abrindo espaço para
ruídos e negociações. Além disso, a saúde de Bolsonaro inspira cuidados, já que
foi detectado um quadro de pneumonia.
Acredito
na aprovação de uma Reforma da Previdência. Não acho que será a Reforma perfeita
demandada por Paulo Guedes e equipe, mas algo irá avançar. Entendo, contudo, que
nos atuais níveis de preço e com a posição técnica atual, podemos ter alguma acomodação
ou realização de lucros adicional.
O
mercado de juros reagiu a decisão do Copom de maneira clássica, com “bear flattening”
da curva de juros. De todos os ativos locais, a curva nominal de juros é a que
eu menos gosto para ter alocações. Acho a assimetria (risco/retorno) da curva
curta bastante ruim. Compreendo aqueles que gostam e mantém alocação, pois
trabalham com um cenário de quedas adicionais da Taxa Selic. Acredito que por prudência
o BCB irá optar por manter os juros baixos por mais tempo ao invés de promover
quedas adicionais e incorrer no erro de ter que dar um “cavalo de pau” na
política monetária.
Sigo
preferindo a bolsa e o câmbio, via o mercado de opções com perda limitada, no
atual ambiente, como maneira de proteger o portfólio de eventuais realizações
adicionais de lucros. A escolha de gestores de renda variável que prezam pelo “Valor”
das ações e os fundos multimercados que conseguem navegar mares mais revoltos
continua a ser bastante importante neste ambiente.
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