Posição Técnica, Espanha, Reforma da Previdência e Copom.


Os ativos de risco tiveram uma terça-feira mais positiva e estão mantendo esta tendência na manhã de hoje. Não há grandes novidades. O mercado segue na expectativa de um acordo comercial entre os EUA e a China. Continuamos em um interregno benigno, dentro do quadro que tenho apresentando neste fórum há algumas semanas. Sigo acreditando que este cenário mais positivo pode prevalecer por algumas semanas, talvez alguns meses (2 ou 3) mas dificilmente perdurará por muito tempo.

Acredito que a posição técnica do mercado mais saudável, como mostrou a pesquisa do BofA ontem (vide aqui: https://www.zerohedge.com/news/2019-02-12/big-fat-buyers-strike-traders-515-billion-boycott-market) explica parte relevante destes movimentos mais positivos neste início de ano. O mercado me parece com baixa convicção, elevada alocação em caixa e ainda com viés negativo, o que ajuda a dar impulso ao movimento mais benigno dos ativos de risco em geral. A posição comprada em EM começa a virar moda, o que me preocupa, mas ainda não parece estar em níveis que possa levar a correções técnicas sem mudanças claras de cenário (vide aqui: https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-02-13/em-beware-a-recent-history-of-bofaml-s-most-crowded-trades).

Na Espanha, a situação política entrou no foco do mercado e uma nova eleição poderá ser convocada.

Interessante observar o movimento que o Santander fez em um de seus Aditional Tier 1 Bonds (AT1), ou CoCo Bonds, ontem. O banco não exerceu uma call no papel, como era amplamente esperado, e optou por manter o título em circulação. Por mais que o movimento faça sentido para o banco, pois o coupon do papel cai de maneira favorável ao devedor a partir de agora, a decisão foi a primeira nesta linha de um grande banco em situação saudável e cria um precedente interessante para frente. O papel acabou apresentando forte queda ontem.

No Brasil, os ativos locais tiveram uma quarta-feira de movimentos positivos. Acredito que com a Reforma da Previdência caminhando, mesmo que a passos lentos, mas ainda com um timing incerto de aprovação, os ativos do Brasil poderão ficar mais reativos aos movimentos externos. Sigo mais otimista com o cenário local. Prefiro bolsa, câmbio (via opções) e juros longos reais nesta ordem. Não gosto do risco/retorno da parte curta da curva. Vejo a inflação implícita como um bom hedge. Olharia alguma estrutura de opção mais longa no câmbio e na bolsa como hedge para “eventos de cauda”.

A despeito de todos os ruídos, a Reforma da Previdência avança (vide aqui: https://www.valor.com.br/politica/6115811/onyx-aproxima-se-de-toffoli-para-barrar-crise-com-judiciario). Acredito que faça parte do jogo o debate e as negociações em torno do texto original. Nunca foi dito que seria fácil aprovar uma reforma ampla e irrestrita. Negociações e mudanças fazem parte de um ambiente democrático e republicano. Nos resta o desafio de entender se o texto final será suficiente para colocar o país de volta ao rumo do crescimento.

Em relação a Ata do Copom, achei que a Ata corroborou com o comunicado do Copom, ou seja, de Taxa Selic estável no horizonte relevante de tempo. Vis-à-vis as expectativas de um Copom mais “dovish” ante da reunião, ou seja, diante de expectativas de quedas adicionais de juros, a decisão do Copom e está Ata devem ser vistas como um pouco mais “hawkish”. O mercado deveria debelar as expectativas de quedas adicionais da Taxa Selic no horizonte relevante de tempo. Continuo não gostando do risco/retorno da curva de juros mais curta e na parte intermediária da curva.



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