Vamos falar sobre o Câmbio.


Um tema que surge constantemente em conversas com gestores locais, e acredito ser tema de muitas rodas de conversas na sociedade em geral, é para qual patamar irá o câmbio, o Real contra o Dólar Americano, em uma situação normal em que o país aprove uma Reforma da Previdência minimamente capaz de estabilizar a dívida/PIB no longo-prazo.

Está pergunta está longe de ter uma resposta fácil, até porque câmbio é um valor relativo e muito se depende do cenário internacional para o dólar e os fluxos para o país.

No geral, o Brasil tem hoje uma situação externa bastante tranquila. Nosso déficit em conta corrente é baixo (em torno de 1% do PIB) para os padrões de um país em desenvolvimento e com necessidade de crescimento, nosso financiamento é saudável, com os investimentos estrangeiros diretos, um financiamento de longo-prazo, mais do que cobrindo este déficit em conta corrente, mas um fluxo para renda fixa e bolsa ainda instável e volátil, como é normal em toda economia desenvolvida. Além disso, o país detém reservas internacionais bastante robustas, na ordem de US$380bi.

O país sempre apresentou um carrego de sua moeda, ou seja, um diferencial de juros contra o mundo, muito elevado. E, aqui, este vetor mudou bastante nos últimos anos. Hoje nosso carrego já não nos diferencia em relação ao mundo desenvolvido. Muitos gestores acreditam que este vetor está sendo, e será fundamental, para evitar apreciações mais rápidas e acentuadas da nossa moeda.

Em relação aos fluxos, existe uma esperança de que a aprovação da Reforma da Previdência possa vir a trazer fluxos, mesmo que pontuais, porém representativos, que ajudem a moeda a atingir patamares mais apreciados.

Eu tinha a opinião que o câmbio estava um pouco errado vis-à-vis as taxas de juros e o nível da bolsa e que ele poderia se apreciar um pouco mais no curto-prazo. Minha visão está evoluindo. Estou começando a acreditar que a moeda pode encontrar um novo equilíbrio, mais apreciado, mas trabalhar em uma banda relativamente estreita. Isso só ocorreria com a ajuda do cenário internacional e com sinais claros de avanço das reformas econômicas. Podemos ter rodadas de apreciação pontuais, devido a fluxos pontuais, mas no geral o espaço para apreciação pode ser limitado. Está visão precisa ser aprofundada.

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