Itália, Juros e Inflação no Brasil.
A sexta-feira
foi de relativa estabilidade para os ativos internacionais, mesmo após testarem
níveis mais deprimidos e negativos ao longo do dia, conseguiram apresentar
recuperação na parte da tarde.
Destaque
para as taxas de 10 anos na Itália, que chegaram a testar os níveis de 3% novamente,
mas voltaram a operar no patamar de 2,95% no final do dia. O país vem apresentando
números negativos de crescimento, em um pano de fundo de elevada dívida/PIB e
desafios políticos. É sem dúvida um grande risco para a Europa e para os
mercados globais. Enquanto a liquidez era abundante, este problema permaneceu hibernado,
em um mundo de liquidez mais apertada, o país surge como uma “boba relógio”.
No
Brasil, o destaque foi mais uma vez para o mercado de juros, com uma abertura meio
que paralela da curva, em torno de 8bps a 10bps. Vejo este movimento como um
processo de realização de lucros, ajuste de posições e adequação a nova
sinalização do Banco Centra após o Copom (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/02/copom-e-alemanha.html).
Não
gosto do risco/retorno da curva de juros na parte curta ou intermediária. Vejo
valor na curva longa apenas na eventualidade da aprovação da Reforma da
Previdência, o que acho que irá ocorrer, mas cujo timing ficou comprometido com
os últimos acontecimentos.
O
IPCA divulgado ontem ficou abaixo das expectativas do mercado e ainda mostrou
um quadro qualitativo positivo. Contudo, embaixo da superfície já vemos alguns
sinais incipientes de aceleração da inflação, especialmente em alguns núcleos e
no setor de serviços. Este quadro deverá manter o Copom em compasso de espera e
reforça a minha visão de Taxa Selic mais baixa por mais tempo, com baixíssima probabilidade
de quedas adicionais. Vale ressaltar que não vejo sinais preocupantes de inflação,
apenas sinais incipientes de aceleração, que tiraram a inflação de próxima a
3,5% para algo acima de 4%, ainda consistente com a meta do BCB, porém
inconsistente com quedas adicionais de taxa.
Acredito
que o BCB tenha tomada a decisão e a sinalização correta nas suas últimas duas
reuniões do Copom. Dentre todas as classes de ativos no Brasil, o mercado de
juros é o que eu menos gosto no atual estágio do ciclo.
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