Brasil: Novos ruídos.


Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais negativo. As bolsas da Ásia tiveram uma terça-feira de queda, as bolsas na Europa caem e os futuros das bolsas dos EUA operam entre a estabilidade e a leve queda. O Ouro segue sua trajetória de alta e o mercado de juros dos países desenvolvidos fecha taxa. Todos sinais de uma aversão a risco ainda presente no mercado.

Destaque apenas para o resultado do HSBC e de seu guidance mais cauteloso. A ação do banco cai, neste momento, cerca de 3,5% em Londres (aqui: https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-02-19/hsbc-reports-full-year-profit-below-analyst-estimates).

No Brasil, a Folha traz novas acusações ao governo, desta vez mirando o Ministro do Turismo (vide aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/02/ministro-do-turismo-sabia-de-esquema-para-psl-lavar-dinheiro-diz-ex-candidata.shtml).

Este governo, assim como todos os outros governos no passado, precisará aprender a lidar com acusações. É inegável que este tipo de pressão precisa ser administrada e conduzida da maneira correta, para ser devidamente endereçada e não tirar a força e o foco das reformas econômicas.

Este tipo de acusação, caso não administrada da maneira correta pode enfraquecer Bolsonaro e Cia, a medida que afeta sua imagem perante a sociedade e um dos seus principais motes de companha e popularidade, ou seja, o combate a corrupção. A longo-prazo, isso, no limite, poderia enfraquecer seu poder político de negociação.

Ainda não acho que estamos nesta fase ou neste estágio, ou em uma crise política real. Ainda vejo essas questões como pontuais, localizadas, focadas em setores específicos ou pessoas específicas, que ainda não atingiram o Palácio do Planalto. Vale lembrar que o que temos em mãos hoje são acusações e investigações feitas pela mídia, não por órgãos oficias. Não há nem acusações e nem condenações oficiais.

É inegável que precisamos acender o sinal de alerta, mas ainda não vejo motivos para alterar a visão positiva com o país. Os ativos locais podem manter uma dinâmica de acomodação no curto-prazo, mas nada que não faça parte de um processo natural de acomodação. Sou sim favorável a proteções e hedges para o portfólio local, como tenho insistido aqui há cerca de 2 semanas, mas ainda não alterei minhas recomendações otimistas com o país.

Para reagir, o governo está tentando manter uma “agenda positiva”, com anuncio de privatizações e concessões, além da reforma da previdência. Não sei se será suficiente no curto-prazo, mas ajuda a manter o foco positivo de longo-prazo e estrutural. Crises políticas existirão. O processo de avanço do país não será em linha reta. Como muito bem expressou um proeminente gestor local ontem: “O Brasil sempre se moveu em pequenos passos. Não podemos esperar passos grandes.”

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