Crescimento vs Política Monetária.


Ontem estivemos com o gestor de um grande fundo multimercado local e tivemos uma conversa, um debate, muito importante para o panorama atual e a dinâmica dos ativos de risco.

O que é mais importante para os ativos emergentes e os ativos do Brasil? O crescimento global que dá sinais preocupantes de desaceleração? Ou a pausa no processo de normalização monetária do Fed, que está sendo seguida por outros bancos centrais ao redor do mundo?

Segundo este gestor, e tendo a concordar, no curto-prazo, após o último trimestre do ano passado, de forte pressão nos ativos de risco os preços, os valuations e a posição técnica melhoraram, faltava uma mudança de cenário. A sinalização de pausa do Fed foi o sinal necessário para a recuperação dos ativos de risco, em especial dos ativos emergentes.

Questionei sobre o quanto a desaceleração global afeta este ambiente mais positivo, que para ele pode durar ainda algum tempo. Eles não estão vendo a desaceleração global, pelo menos ainda, como preocupante. Acreditam que veremos sinais de estabilização em breve. Para ele, o maior risco para os ativos emergentes seria uma reversão desta pausa do Fed, com a necessidade de apertos adicionais das condições financeiras.

Eu tendo a concordar com este pano de fundo no curto-prazo, mas ainda tenho uma visão menos construtiva de longo-prazo, pois acredito que estamos em um estágio avançado do ciclo econômico global. Acredito que estamos em um interregno benigno, em um equilíbrio instável, que pode durar algumas semanas ou alguns meses, mas dificilmente será sustentável no longo-prazo.

Ainda vejo o ambiente dos próximos meses como um ambiente de “tiros curtos”, ou tendências mais curtas, de 2 a 3 meses, e não tendências longas, de anos, como vimos desde a crise de 2008.

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