A indústria de fundos no Brasil – Fundos Multimercados Macro – Janeiro 2019.
Caros
leitores, pretendo, a partir deste mês, trazer algumas atualizações,
qualitativas e quantitativas, da indústria de fundos de investimentos no
Brasil.
A
TAG Investimentos faz um acompanhamento minucioso desta indústria a quase 15
anos, com avaliações periódicas e amplos estudos para a avaliação das carteiras
de investimentos. Minha ideia é utilizar este “know-how” para trazer um valor agregado ainda maior a minhas
análises.
Assim,
além das visões de Asset Allocation,
alocações estruturais e táticas, além de posições de proteção (ou “hedge” no termo em inglês), tentarei
agregar um valor adicional na análise do mercado de fundos de investimentos.
Para isso, conto com a ajuda de uma equipe extremamente experiente e reconhecida
neste mercado dentro da TAG Investimentos, pois nunca conseguiria ter a
profundida necessária para fazer este tipo de análise sozinho.
Nos
últimos dias, passamos algumas boas horas conversando com gestores de Fundos Multimercados
Macro, especialmente de gestoras independentes (ou seja, não ligadas a bancos
ou quaisquer instituições financeiras), mas com diversos anos de experiência no
mercado.
Primeiro,
para contextualizar, o ano de 2018 foi bastante desafiador para a média da indústria
de Multimercados Macro, onde a volatilidade elevada e alguns eventos pontuais
como: A greve dos caminhoneiros no Brasil, a explosão da volatilidade (especialmente
do VIX) dos ativos externos em fevereiro, a forte queda das ações globais no
últimos trimestre do ano, além de uma eleição presidencial incerta no Brasil
trouxe um enorme desafio de desempenho. Vale lembrar, também, que tudo isso ocorreu
em um pano de fundo de CDI mais baixo (abaixo de 7% na média do ano) em uma indústria
ainda com taxas médias de 2% de administração e 20% de performance acima do
CDI.
Segundo,
vimos um crescimento exponencial desta classe de fundos nos últimos 2 a 3 anos.
A “desbancarização” da indústria de fundos e de gestão de patrimônio, o maior
acesso deste produtos aos investidores em geral, antes restritos a uma camada
pequena da sociedade, e a popularização destes gestores trouxe um desafio
adicional, pois precisam administrar um volume maior de ativos em um mercado
que não necessariamente ganhou liquidez ou volume na mesma velocidade ou
proporção do crescimento dos fundos.
Em
termos de desempenho, 2018 acabou sendo um ano de grande dispersão de
performance entre os gestores. Na média, eu classificaria o ano como um ano de
desempenho abaixo das expectativas para as oportunidades de mercado que foram
criadas. Contudo, alguns gestores conseguiram mostrar capacidade de navegar em
um ambiente de maior volatilidade externa e de grandes oportunidades, que se
mostraram oportunistas, especialmente no Brasil, ao longo do ano.
Estamos
vendo, já há algum tempo, um movimento de busca por maior presença em mercados
que não apenas no Brasil. Muitas casas buscam aprimorar seus investimentos
externos, compondo equipe e estruturando áreas ou mesas especializadas em
ativos internacionais. Por ora, contudo, vejo poucas gestoras, de fato, que
estão conseguindo mostrar capacidade de gerar “alpha” de forma consistente nestes outros mercados. De qualquer
maneira, acredito que este caminho seja o correto e, passada a curva de
aprendizado, a indústria local poderá ganhar bastante com este tipo de
movimento, pois gera maior descorrelação entre os fundos, pelo maior universo
de ativos e pela maior capacidade de gerar ideias, temas de investimentos e
proteções.
Neste
primeiro mês do ano, vimos um excelente desempenho dos Fundos Multimercados
Macro, com altas na ordem de 1% a 5%, dependendo do perfil do produto.
Em
termos gerais, a maior parte deste retorno está concentrada em alocações em
ativos no Brasil. As posições se dividem entre Renda Variável (comprados em
Bolsa), Câmbio (vendidos e dólar) e Juros (aplicados em juros prefixados ou
comprados em NTN-B). Os instrumentos também divergem, entre ativos diretos e
opções. Alguns poucos gestores conseguiram gerar retornos comprados em bolsa
dos EUA, enquanto outros utilizaram a melhora dos mercados em janeiro para
começar a estruturar alguns hedges
nos ativos internacionais.
Com
a forte apreciação dos ativos de risco em janeiro, vemos um leve movimento, na
média, de redução de posição. Assim, se por um lado ficamos desconfortáveis com
todos os gestores com alocações na mesma direção, por outro lado vemos um mercado
que não parece, pelo menos ainda, com uma posição técnica excessiva ou pouco saudável,
já que vemos algum ajuste de posições ao final do mês.
No
tocante ao cenário, existe um consenso da direção positiva que o Brasil está
tomando e das oportunidades de ganhos adicionais nos ativos locais. Existe uma
discordância de qual será o próximo movimento de política monetária, se um novo
corte da Taxa Selic, ou a manutenção de juros por tempo indeterminado, com
posterior alta de taxa.
Muitos
trabalham com um cenário de dólar mais fraco no mundo e estão otimistas com o
Real. Acreditam que podemos ver nossa moeda em níveis abaixo de 3,50 ao longo
do ano.
A
maioria dos gestores apresenta uma visão mais cautelosa e negativa com o
cenário externo e os sinais provenientes da China e da Europa. Os hedges são os
mais variados possíveis, como venda S&P, tomado em juros de Itália, venda
de CNY e afins.
Espero,
neste breve texto, agregar ao debate dos investimentos e alocações. Que seja apenas
a primeira de muitas análises que estão por vir.
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