Relatório Semanal de Asset Allocation:

A última semana trouxe poucas mudanças ao cenário em relação ao que já temos vindo comentando neste fórum nos últimos meses.
Nos EUA, destaque para números que mostraram um crescimento ainda saudável (em torno de 2,5%), um mercado de trabalho robusto (destaque para a taxa de desemprego abaixo de 4% pela primeira vez em cerca de 17 anos)- provavelmente já no pleno emprego com o hiato do produto fechado, e ainda sem pressões inflacionárias muito claras no curtíssimo-prazo. Dito isso, já vemos alguns sinais de acúmulo de pressões inflacionárias que, em algum momento, deverão ficar mais explícitos nos dados econômicos de inflação propriamente ditos.
Na Europa, continuamos a ver sinais de arrefecimento do crescimento, com dados de atividade econômica abaixo das expectativas.
A semana não trouxe novidades para o cenário da China.
Na Argentina, o banco central do país foi obrigado a levar a taxa de juros para 40% ao ano, e reforçar sua postura de austeridade fiscal, visando conter a escalada de depreciação do câmbio (Peso Argentino - ARS). Por ora, não parece haver contágio da situação do país nos demais mercados emergentes, mas a alta recente do dólar no mundo vem colocando os mercados emergentes em situação mais delicada e levado à saída de fluxos e, consequentemente, à  depreciação de seus ativos. Alguns países, como a Turquia, por exemplo, passam por situação semelhante, porém em magnitudes distintas.
O Brasil se insere exatamente neste contexto descrito acima. As últimas semanas têm sido marcadas por depreciação cambial, alta nas taxas de juros e queda das bolsas.
Em termos econômicos, os dados de atividade continuam a surpreender negativamente. Esta semana foi a vez da produção industrial surpreender as expectativas, com queda de 0,1% no mês contra expectativas de alta de 0,5%.
Não vimos mudanças substanciais no cenário de incerteza para as eleições locais.
Para a próxima semana, acreditamos que o quadro técnico do mercado, os dados de inflação nos EUA e de crescimento na Europa e na Ásia serão fundamentais para a dinâmica dos ativos de risco.
Alocação/Estratégia:
Nos meses passados escrevemos que: “Continuamos a ver o cenário local como bastante positivo ciclicamente. Para este cenário cíclico se tornar estrutural, precisamos ver avanços na agenda de reformas e a eleição de um presidente com viés liberal e reformista. Acreditamos que, por ora, o pano de fundo externo ainda é positivo paras as economias emergentes e, consequentemente, para o Brasil. Contudo, já vemos o acúmulo de evidências de que este cenário possa estar mudando e, por isso, vamos buscar ser mais ativos nas alocações táticas (curto-prazo) além de buscar alocações que se beneficiam deste tipo de ambiente, como fundos estruturados (multimercados) e/ou multimercados institucionais. ”

As últimas semanas nos levaram a promover algumas revisões em nosso cenário base, pelo menos neste momento.

No cenário local, foram divulgados números mais fracos de crescimento e emprego, o que sugere uma recuperação mais lenta e gradual do que a prevista anteriormente. O processo eleitoral começa a ganhar corpo, mas com um cenário ainda de grande indefinição, o que dificulta o desenvolvimento de  qualquer panorama para prazos mais longos. Finalmente, no cenário externo, vemos um acúmulo de pressões inflacionárias nos EUA e números de crescimento mais fracos na Europa e na China, o que torna o cenário ainda mais indefinido no curto-prazo.

Assim, com este pano de fundo, estamos reforçando nossas recomendações mais neutras e cautelosas para os ativos locais.

Juros - Preferimos estar neutros na parte curta das curvas nominais e reais de juros, pois vemos o risco/retorno como não atrativo, apesar de ainda acreditarmos em juros mais baixos por mais tempo.

Ainda acreditamos que haja valor na parte mais longa da curva de juros (reais e nominais) mas a incerteza do cenário local e externo deve manter algum prêmio neste vértice da curva e uma volatilidade ainda elevada. Mantemos recomendação apenas levemente acima da média, e focada na curva real de juros, por acreditarmos que seja um instrumento que tenha menor risco de deterioração em casos de mudança extrema de cenário.

Câmbio - Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de câmbio. Fomos surpreendidos pelo movimento de alta do dólar, pois acreditávamos em um câmbio relativamente estável em torno de 3,15-35. Contudo, em momento algum tivemos recomendações acima da média para a moeda local ao longo deste ano.

Renda Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições neutras, ou em torno da média, no mercado de renda variável. Estamos optando por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.

Fundos Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos multimercados. Gostamos de gestores que, historicamente, conseguem gerar “alpha” em mercados externos no geral, ou que mostrem menor dependência a temas específicos, como a queda de juros no Brasil.

Fundos de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao “beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, em que a escolha do gestor será mais relevante do que a direção do mercado em si.

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