EM ainda pressionados. Sem sinais de alívio


Os ativos emergentes tiveram mais um dia de forte depreciação. Neste ambiente, acho prudente abandonar minha expectativa de um “relief rally” um pouco mais sustentado nos ativos emergentes. Assim, o portfólio foi ajustado nesta direção, com a redução de alocações visando movimentos mais positivos dos ativos EM/Brasil.

Na Argentina, o Peso (ARS) apresentou depreciação superior a 7%, forçando o banco central a sinalizar para uma intervenção agressiva no câmbio. A Lira (TRY), na Turquia, atingiu novo piso de depreciação para este ciclo. O Peso, no México (MXN), seguiu movimento de depreciação, na ausência de notícias relevantes no tocante a um acordo relacionado ao NAFTA.

Os ativos no Brasil acabaram seguindo esses movimentos. A despeito da pesquisa Focus do BCB mostrar um cenário de revisões baixistas de crescimento e uma expectativa de inflação ainda baixa, controlada e em queda, o mercado resolver testar a real disposição de intervenção do BCB no câmbio, além de questionar os próximos passos de política monetária. A curva de juros deixou de precificar probabilidade de 85% de queda de 25bps na próxima reunião do Copom, para precificar algo em torno de 65% de probabilidade de mais uma queda de 25bps na Taxa Selic.

Como escrevi no sábado (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/dinamica-ainda-ruim-bcb-muda-atuacao-no.html), eu acredito que o mercado esteja sinalizando ao BCB que seja mais prudente encerrar o ciclo de queda da Taxa Selic em 6,5%, não promovendo mais uma queda de 25bps, pelo menos neste momento. Contudo, entendo a sinalização emitida pelo Presidente do BCB na semana passada de que o repasse cambial à inflação é baixo, as expectativas de inflação permanecem ancoradas (vide Focus de hoje) e a inflação corrente segue tranquila (vide IPCA de abril divulgado na semana passada), o que justificaria mais uma queda da Taxa Selic, como previamente sinalizado.

Acredito que estamos navegando em aguas mais turvas. Acreditava em uma possível acomodação dos ativos EM/Brasil, mesmo acreditando em um cenário de médio-prazo mais desafiador, mas a dinâmica do mercado claramente está confirmando o contrário. Alguma acomodação pode ocorrer, mas não estou mais disposto a “tentar pegar a faca caindo” no ambiente atual, pelo menos sem algum sinal de melhora na dinâmica ou mudança do cenário.

Voltando ao Brasil, a pesquisa para eleições presidências realizada e divulgada pelo CNT/MDA confirmou um quadro de total indefinição da corrida para presidente, com o agravante, do ponto de vista do mercado, que o candidato do PSDB (considerado mais ao centro e mais propenso a aprovar reformas econômicas liberais e reformistas) estar perdendo força e ganhando rejeição, em detrimento a um candidato mais à esquerda (considerado menos propenso a reformas econômicas) estar ganhando espaço.

Tudo isso acontece em um pano de fundo em que as taxas de 10 anos nos EUA continuam testando o patamar psicológico de 3%, com o Fed apenas no início de seu processo de redução de balanço. Os últimos dias confirmaram que o ano promete ser muito mais volátil e que uma postura mais tática (e a busca por hedges) deverá ter importância ainda maior ao longo do ano.



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