Sinais de estabilização no Brasil. Cenário externo ainda desafiador.


Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais estável. O destaque de ontem fiou por conta da Treasury 10 anos rompendo o patamar psicológico de 3% e operando acima de 3,05% ao longo do dia.
No Brasil, grosso modo, viramos um apendice do que ocorre na Argentina. Após o banco central argentino oferecer novamente US$5bi com o câmbio (ARS) no país a 25 (contra do dólar dos EUA, USD), e o tesouro conseguir promover a rolagem dos papéis (bonds) locais, o mercado na Argentina apresentou melhora mais expressiva na parte da tarde. Este movimento acabou ajudando a dar um tom mais positivo nos ativos do Brasil no final da tarde de ontem, após uma desempenho pífio durante grande parte do dia.
O mercado voltou a precificar probabilidade de 70%-75% de queda de 25bps na reunião do Copom de hoje. O mercado local, na minha visão, está sinalizando ao BCB para ele não cair a Taxa Selic novamente em 25bps na reunião do Copom. Mesmo que o cenário de inflação esteja tranquilo, o crescimento se recuperando apenas gradualmente, o que mantém o hiato do produto ainda aberto, a variável cambial e a dinâmica do câmbio e da curva de juros, com forte steepening e forte alta das inflações implícitas, demonstram que, talvez, seria mais prudente encerrar o ciclo de queda da Taxa Selic em 6,5%, neste momento, e acompanhar o cenário para os próximos passos de política monetária.
Contudo, eu entendo a sinalização e a postura do BCB em, eventualmente, levar a Taxa Selic a 6,25%, com mais uma queda de 25bps ma reunião de hoje, o que ainda parece ser o cenário base e com probabilidade bastante elevada. A inflação corrente e prospectiva está baixa e a depreciação cambial será capaz, apenas, de levar a inflação para mais perto do centro da meta.
Geralmente, “the markets stop panicking when central banks start panicking”. Parece que estamos entrando em um ambiente neste sentido, especialmente com as últimas medidas na argentina (forte elevação das taxas de juros para 40%, intervenção agressiva no câmbio,pedido de ajuda ao FMI e etc), mas ainda temos problemas localizados em outros países, como na Turquia (ausência de ancora fiscal e monetária), no México (incertezas em relação ao NAFTA e as eleições) entre outros. Assim, continuo vendo o cenário como ainda turvo e incerto, a despeito da possibilidade de melhoras pontuais, após a forte deterioração recente, que levou a uma melhora no quadro técnico e nos preços e valuations de alguns mercados.
O cenário externo, contudo, continua mais desafiador, já que estamos em um claro ambiente de abertura de taxas de juros nos EUA, que me parece mais estrutural do que cíclico, em um ambiente de redução de liquidez, em que o pico do crescimento global parece ter ficado para traz e a inflação começa a dar sinais mais claros de ascensão nas economias desenvolvidas, em um claro movimento de final de ciclo econômico. Este quadro devera manter a volatilidade dos mercados mais elevada, nos tirando daquele ambiente de “goldilocks”, de maneira mais definitiva, de agora em diante.


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