Brasil: Copom adota a estratégia correta ao manter Selic estável em 6,5%


Os ativos de risco estão abrindo o dia em tom mais estável. O destaque fica por conta da Treasury de 10 anos nos EUA, que está rompendo o patamar de 3,10%.
No Brasil, no inicio da noite de ontem, o Banco Central do Brasil (BCB) anunciou a decisão de política monetária do Copom, em que manteve a Taxa Selic estável em 6,5%. A decisão foi surpreendente para um mercado que embutia cerca de 70% de probabilidade de um corte adicional de 25bps. Segundo o Comitê, a decisão se fez necessário devido à mudança brusca do cenário internacional.
Na minha visão, a decisão foi acertada. Acredito que a curva de juros irá apresentar um “bear flattening”, com a parte curta abrindo entre 15 e 20bps, a parte intermediária abrindo entre 10 e 20 bps, mas com a parte longa da curva entre estável e abrindo 10bps. Podemos vir a observar, no curtíssimo-prazo, um movimento mais agressivo de “stops” na parte curta e intermediária da curva. Este movimento pode distorcer bastante a dinâmica de preço, levar o mercado a precificar um ciclo de alta de juros ainda mais agressivo e mais cedo do que aquele que já estava precificado ontem. Isso pode ocorrer devido a um quadro técnico pouco saudável nesta parte da curva.
Acredito que, no curto-prazo, haja espaço para o Real (BRL) apresentar uma over-performance em relação aos seus pares. As inflações implícitas deveriam cair. Não descarto um desempenho mais pífio das NTNBs, especialmente na parte curta e intermediária da curva, onde as posições dos fundos são mais concentradas.
Na Argentina, o presidente Macri declarou na tarde de ontem que o país está comprometido com o ajuste fiscal e econômico. A despeito de um price-action ainda ruim dos ativos do país, e de algum erro de política econômica nas últimas semanas, as medidas recentes deveriam, em algum momento, levar a uma acomodação ou estabilização da situação do país. As taxas de juros mais elevadas, as intervençõe no câmbio, o pedido de ajuda ao FMI e a coordenação de política monetária, cambial e fiscal deveriam ajudar a estabilizar a situação.
Como o Brasil vem sendo um adendo do que ocorre na Argentina, e com o BCB mais cauteloso, poderíamos observar alguma estabilização, mesmo que pontual, da situação no Brasil e nos demais emergentes.
The markets stop panicking when central banks start panicking. Parece que estamos migrando para uma situação nesta direção. Contudo, precisamos lembrar que o cenário externo continuará mais deafiador, com o processo de normalização monetária nos EUA, a economia americana em uma fase mais avançada do ciclo econômico, e um ciclo eleitoral no Brasil e no México, apenas para citar alguns exemplos, que continuarão a trazer complexidade ao cenário.


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