Cautela é necessária. Sinais de fragilidade (local e externo) permanecem.


Os ativos de risco estão abrindo a quinta-feira em tom mais estável. Destaque para a depreciação de 2,5% na Lira (TRY) na Turquia, que após uma rápida e acentuada depreciação “intraday” ontem após a elevação dos juros em 300bps voltou a mostrar fragilidade. A Bloomberg traz hoje um artigo em que mostra a exposição de alguns bancos Europeus à Turquia e a TRY, o que pode gerar algum contágio, mesmo que pequeno e pontual.
Na noite de ontem, Trump pediu que o secretário de Comércio iniciasse investigações em torno das importações americanas de automóveis, o que pode levar a uma nova rodada de anúncio de tarifas de importação. Com esta postura, Trump demonstra que a “Guerra Comercial” ainda não está vencida e que o aparente avanço conseguido no final de semana com a China pode ter sido apenas um “alarme falso”. Continuo acreditando que este tipo de postura é apenas uma maneira de se conquistar alavancagem nas negociações, mas certamente mostra um cenário ainda desafiador pela frente.
No Brasil a Petrobrás anunciou uma queda de 10% no preço do diesel, que deverá vigorar por 15 dias. Depois disso, a empresa pretende voltar a sua política de preço. O Congresso, por sua vez, para zerar a CIDE, aprovou durante a noite a reoneração da folha de pagamentos.
Eu vejo a decisão da Petrobrás, mesmo que politicamente sendo uma decisão difícil dado o impacto para a sociedade e o caos social que está se instalando no país, como uma decisão extremamente danosa à imagem da empresa do ponto de vista do investidor. A decisão abriu um precedente enorme para que a política de preços seja abandonada por qualquer questão, econômica ou social, que venha a afetar o país.
Como tenho afirmado neste fórum, a situação vivida nos últimos dias mostra como o próximo Presidente o próximo Governo precisará estar comprometido com o ajuste econômico para manter suas convicções e não adotar medidas vistas como populistas a luz do mercado. Por ora, os candidatos que estão mostrando competitividade nas pesquisas não demonstram esse apego e convicção pelas reformas. Assim, é natural o mercado pedir mais prêmio de risco nos ativos do Brasil nesta fase do ciclo eleitoral.
No tocante aos ativos Brasileiros, acho importante comentar sobre a posição técnica e a dinâmica dos mercados locais. Nas últimas semanas, vimos uma grande “limpada” de posições no Câmbio (BRL) e no mercado de juros. Esses, nos últimos dias, foram ancorados pela decisão de política monetária do BCB e pela intervenção via swaps cambiais. Agora, começamos a ver uma limpada de posições no mercado de renda variável. A queda da Petrobrás nos últimos dias, uma grande “over-performance” do Ibovespa e do mercado, já é sinal disso. Além disso, nos últimos dias, vimos uma forte queda das inflações implícitas e aumento de taxa de juros reais nas NTN-Bs. Na minha visão, este movimento é totalmente técnico e explicado por um posicionamento pouco saudável do mercado nesta classe de ativo que, agora, começa a se desfazer.



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