Risk-Off!
Depois de uma segunda e terça-feira
de melhora generalizada dos ativos de risco, com boa descompressão dos prêmios
dos ativos emergentes, os mercados globais estão abrindo a quarta-feira em tom
mais negativo, com movimento clássico de risk-off. Não me parece haver um
motivo específico, ou trigger único, para estes movimentos. Vale mencionar,
contudo, a forte desvalorização da Lira (TRY)
na Turquia – que neste momento cai
cerca de 3,7% em relação ao dólar – e as incertezas que ainda rondam o cenário
econômico e político na Itália, que
podem começar a estar impactando e gerando contágio ao resto do mundo.
Diante deste quadro e desta dinâmica,
diria que o “relief rally” que eu estava prevendo tenha, neste momento, se
encerrado. O mercado mostra alto grau de volatilidade e incerteza, o que tem
impedido a alocação de risco de maneira mais estrutural (longo-prazo). Assim,
vou continuar favorecendo uma postura mais tática (curto-prazo) e um portfólio
mais neutro, buscando posições em temas específicos ou posições relativas.
No Brasil, a intervenão do BCB no
mercado de câmbio parece ter trazido ancoragem e racionalidade ao mercado. Espero
que o Real (BRL) apresente desempenho relativo melhor do que os seus pares
neste ambiente descrito acima, mas ele não estará totalmente imune a rodadas de
dinâmica negativa como essa que estamos observando essa manhã.
O Governo anunciou que irá zerar a
CIDE de combustíveis, mas o Ocngresso irá votar a reoneração da folha de alguns
setores para evitar perdas de receita. Essa postura é “menos pior” que alterar
a politica de preços da Petrobrás, e ou aceitar uma perda de receitas sem
contrapartida. Contudo, mostra o grau de pressão que o próximo governo irá
enfrentar. Sem um Presindete de fato comprometido com o ajuste econômico, é
natural que este tipo de pressão, entre outras, acabe sucumbindo o novo
presidente ou governo à medidas mais populistas.
A Ata do Copom mostrou que o BCB
pretene manter a Taxa Selic estável nas próximas reuniões, mantidas as
condições atuais de inflação corrente, expectativas de inflação e inflação
prospectiva. Contudo, como sempre, o BCB irá monitorar o cenário prospectiva
para, então, decidir seus próximos passos. Acredito que a curva de juros tenha
que operar com prêmio de alta de juros. Mesmo com prêmios na ordem de
350-400bps nos FRAs mais longos (2 a 4 anos) não vejo o mercado de juros, neste
momento, como apresentando valor que jistifique posições estruturais e\ou
relevantes para o portfólio. Acredito que
o mercado ficará mais volátil. Vejo mais valor em plays de curva e posições
apenas táticas.
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