Relatório Mensal de Asset Allocation:


Cenário Econômico:
O mês trouxe algumas informações relevantes ao cenário. No Brasil, observamos alguns sinais menos positivos de crescimento e emprego. O excesso de otimismo que se formou na virada do ano em relação ao país parece ter se esgotado. Neste momento, o cenário mais provável é de um crescimento ainda positivo, porém mais gradual do que o que se imaginava. Do ponto de vista dos mercados financeiros locais, contudo, estas “pequenas” mudanças de percepção podem gerar grandes mudanças de preço.

De maneira geral, ainda vemos uma recuperação gradual do emprego (com um PIB em torno de 2,5%). A inflação continua baixa e as contas externas relativamente saudáveis. O problema fiscal persiste e reformas estruturantes ainda são necessárias e imperativas em um futuro não muito distante. A recuperação cíclica da arrecadação e das contas públicas, mesmo que por fatores pontuais e localizados, parece estar se esgotando.

O tempo está passando e o processo das eleições para presidente se aproxima, sem que tenhamos um quadro muito bem definido. O mercado acreditava que, neste estágio do ciclo eleitoral, já teríamos um quadro mais definido, com um candidato mais ao centro, liberal e reformista. Isso não só não aconteceu, como estamos diante de um quadro de extrema indefinição nesta frente.

Soma-se a este cenário local um ambiente externo mais desafiador. Continuamos a observar o acumulo de pressões inflacionárias na economia dos EUA, com um crescimento relativamente estável.

Contudo, vimos sinais de desaceleração, ou acomodação, do crescimento do resto do mundo, em especial na Europa e na China. Este segundo acabou adotando medidas de alívio monetário com o intuito de administrar de maneira mais suave este processo de desaceleração.

Este pano de fundo acabou gerando alguns efeitos relevantes nos mercados financeiros globais, com forte alta do dólar no mundo, abertura de taxa das Treasuries nos EUA e pressão negativa nos ativos emergentes. A posição técnica em alguns desses mercados atuou como um propulsor desses movimentos.

De maneira geral, ainda vemos um crescimento global saudável. Contudo, temos uma maior preocupação com o cenário inflacionário nos EUA neste estágio do ciclo econômico. Ainda não estamos preparados para desenhar um cenário totalmente negativo para a economia mundial e os mercados financeiros globais, mas na nossa visão acumulam-se evidências nessa direção.

Assim, precisamos estar preparados, flexíveis, e líquidos para os meses vindouros, sem muito apego as posições e ao cenário. Por ora, ainda vemos os mercados em “ranges”, mas uma mudança definitiva de panorama pode estar em curso e precisamos estar, eventualmente, prontos para este tipo de ocorrência.

Alocação/Estratégia:
Nos meses passados escrevemos que: “Continuamos a ver o cenário local como bastante positivo ciclicamente. Para este cenário cíclico se tornar estrutural, precisamos ver avanços na agenda de reformas e a eleição de um presidente com caráter liberal e reformista. Acreditamos que, por ora, o pano de fundo externo ainda é positivo paras as economias emergentes e, consequentemente, para o Brasil. Contudo, já vemos o acumulo de evidências de que este cenário possa estar mudando e, por isso, vamos buscar ser mais ativos nas alocações táticas (curto-prazo) além de buscar alocações que se beneficiam deste tipo de ambiente, como fundos estruturados (multimercados) e/ou multimercados institucionais. ”

As últimas semanas nos levaram a promover algumas revisões em nosso cenário base, pelo menos neste momento.

No cenário local, observamos números mais fracos de crescimento e emprego, o que sugere uma recuperação mais lenta e gradual do que o previsto anteriormente. O processo eleitoral começa a ganhar corpo, mas com um cenário ainda de grande indefinição, o que dificulta desenvolver qualquer panorama de prazos mais longos. Finalmente, no cenário externo, vemos um acumulo de pressões inflacionárias nos EUA e números de crescimento mais fracos na Europa e na China, em especial, o que torna o cenário ainda mais indefinido no curto-prazo.

Assim, com este pano de fundo, estamos reforçando nossas recomendações mais neutras e cautelosas para os ativos locais.

Juros - Preferimos estar neutros na parte curta das curvas nominais e reais de juros, pois vemos o risco/retorno como não atrativo, apesar de ainda acreditarmos em juros mais baixos por mais tempo.

Ainda acreditamos que haja valor na parte mais longa da curva de juros (reais e nominais) mas a incerteza do cenário local e externo deve manter algum prêmio neste vértice da curva e uma volatilidade ainda elevada. Mantemos recomendação apenas levemente acima da média, e focada na curva real de juros, por acreditarmos que seja um instrumento que tenha menor risco de deterioração em casos de mudança extrema de cenário.

Câmbio - Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de câmbio. Fomos surpreendidos pelo movimento de alta do dólar, pois acreditávamos em um câmbio relativamente estável em torno de 3,15-35. Contudo, em momento algum tivemos recomendações acima da média para a moeda local ao longo deste ano.

Renda Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições neutras, ou em torno da média, no mercado de renda variável. Estamos optando por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.

Fundos Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos multimercados. Gostamos de gestores que, historicamente, conseguem gerar “alpha” em mercados externos no geral, ou que mostrem menor dependência a temas específicos, como a queda de juros no Brasil.

Fundos de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao “beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, em que a escolha do gestor será um gerador maior de retornos do que a direção do mercado em si.


Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:
O Fundo manteve exposição a parte longa da curva real de juros, mas manteve alocações táticas tomadas na parte intermediária da curva nominal.

Encerramos as posições compradas em bolsa devido aos sinais menos positivos do ponto de vista do crescimento e emprego, a aproximação da disputa eleitoral e um cenário externo mais desafiador.
O fundo não apresentou alocações relevantes em Real (BRL).

Mantivemos posições vendidas em Dólar Australiano (AUD) e comprada em Iene (JPY) a moeda do Japão, ambas via estruturas de opção.

Mantemos posição tomada nas curvas longas de juros das economias desenvolvidas, concentrado na curva dos EUA. Estamos administrando ativamente o tamanho e os instrumentos da alocação. Devemos manter alocações relevantes nesta classe de ativos, exceto por mudanças bruscas de cenário.

O fundo manteve posições táticas vendidas em bolsa americana (S&P500).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Juros Brasil

Daily News – Brasil: Para o Alto e Avante – Parte II

Daily News – Brasil: Para o Alto e Avante?