"Trying to catch a falling knife".


A quarta-feira, até o momento, vem seguindo o mesmo roteiro dos últimos dias, com alta das bolsas, nas taxas de juros e no dólar. Hoje, em especial, pela primeira vez em muito tempo, vimos alguma acomodação do movimento de alta do dólar no mundo, exceto pelo o que estamos vendo no Brasil.

Reforço que estes movimentos têm sido impulsionados e sustentados por um misto de cenário econômico e posição técnica, como já comentado neste fórum (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/price-action-emergentes-brasil.html).

No tocante aos mercados emergentes, começo a ver algum exagero nestes movimentos e vejo um mercado tecnicamente mais saudável. É sempre difícil vislumbrar pontos de inversão ou pausa nestes movimentos, mas tendo a acreditar que podemos estar mais perto de uma acomodação. Pela primeira vez desde de fevereiro, começamos a alocar taticamente algum risco novamente nos ativos do Brasil, além da nossa posição mais estrutural em juros reais longos. A posição ainda é pequena para os padrões recentes e os instrumentos buscam evitar perdas relevantes em cenário de stress, mas começo a ver um risco/retorno mais favorável novamente, mesmo que de forma pontual e localizada. Entendo que a dinâmica do mercado não favorece buscar o ponto de inflexão, que o “momentum” não é favorável e esta postura remete a “tentar pegar uma faca caindo”, contudo, vejo preços mais atrativos, uma posição técnica mais saudável e um cenário econômico ainda não muito diferente daquele de alguns meses atrás (um pouco menos de crescimento, um pouco mais de inflação, mas nada agressivamente diferente). A posição deve ser vista como tática e não estrutural.

No tocante ao câmbio, hoje foi o primeiro dia em que o BRL apresentou desempenho muito pior do que os seus pares. Ao que me parece, o mercado não se viu contentado com a entrevista do Presidente do Banco Central na noite de ontem. Assim, vimos forte pressão altista no dólar e steepening da curva de juros. Será extremamente importante ver a resposta do BCB ao movimento de hoje. Com o câmbio a 3,6, com um desempenho relativo mais negativo e o steepening da curva de juros, o mercado me parece estar passando uma mensagem ao BCB de que uma resposta mais assertiva e agressiva será necessária, seja com uma intervenção maior via swaps cambiais, seja sinalizando uma pausa no processo de queda da Taxa Selic.

Nos EUA, a Treasury de 10 anos voltou a testar o patamar de 3%. O PPI mostrou uma inflação abaixo das expectativas em abril. Os itens que costumam ter impacto mais direto no Core CPI e Core PCE também apresentaram alta mais moderada. O número de hoje não deveria alterar a dinâmica de política monetária se o Core CPI confirmar estes números, ou seja, nem necessita acelerar o processo de alta de juros, mas muito memos reduzir o ritmo de 3 a 4 altas por ano. A curva hoje embute mais uma alta de 25bps em junho com probabilidade de 95% e cerca de 50bps de alta nos próximos 12 meses, o que me parece excessivamente baixo.

Continuo acreditando que este ano será marcado por posições mais táticas do que estruturais. Seguimos com a tese de investimentos de juros mais altos nos EUA de maneira mais estrutural e acima do esperado pelo mercado. Continuamos a ver os juros no Brasil mais baixos por mais tempo. Seguimos em busca por hedges e posições que complementam nosso portfólio. Estamos ainda mais sensíveis a preço e ajustando as posições ativamente para a nova realidade de volatilidade e preços, em movimentos que devem se repetir por diversas vezes ao longo deste ano.

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