Dollar Rules!


A terça-feira foi novamente marcada por uma alta do dólar no mundo (, mas desta vez sustentada pela abertura das taxas de juros nos EUA. Os ativos emergentes operaram todo o dia sobre forte pressão.
A narrativa em relação ao dólar continua a mesma que tenho descrito neste fórum já há alguns dias vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/). O resto da semana será fundamental para que está dinâmica se converta de fato em uma nova tendência, ou alguma acomodação desses movimentos aconteça. Destaque para o ADP Employment e decisão do FOMC amanhã nos EUA, e para os dados oficiais de emprego na sexta-feira.
O grande destaque econômico do dia, na minha visão, ficou por conta do ISM Manufacturing. O número apresentou queda superior as expectativas, saindo de 58.3 para 57.3. A despeito da queda, o número continua em patamar saudável e condizente com um crescimento estável da economia (hoje em torno de 2,5%). Ainda mais importante do que o “headline”, o Prices Paid – indicador de pressões inflacionárias – apresentou forte elevação, passando para 79.3 pontos, o maior patamar em vários anos.
Assim, seguimos em um pano de fundo em que acumulam-se evidências cada vez mais claras de pressões inflacionárias, em uma economia que cresce a taxas relativamente constantes. Não vejo outro caminho ao Fed se não manter seu processo de normalização monetária, com cerca de 3 a 4 altas de 25bps por ano e uma redução de seu balanço. Ainda vejo o risco de mais altas de juros como uma probabilidade muito maior do que uma desaceleração da economia. Além disso, acredito que o mercado embute probabilidade excessivamente baixa de uma cenário inflacionário mais preocupante juros muito mais altos no curto-prazo (12 a 24 meses).
Fora o cenário econômico, a temporada de resultados corporativos continua relativamente positiva. O dia teve como destaque a Apple, que acabou subindo cerca de 5% no “after-market”. Além disso, vimos alguns ruídos envolvendo o NAFTA e as negocições em torno das tarifas sobre o Aço. Por ora, vejo esses temas como secundários ao cenário econômico, mas entendo que eles acabem gerando volatilidade e alguns fluxos de curto-prazo.
No Brasil, me parece que estamos definitivamente na agenda eleitoral. Me chamou a atenção nos últimos dias o aumento de mais de 5% no Bolsa Família e uma notícia hoje dando conta de uma potencial injeção de R$15bi na Caixa Econômica visando o estímulo ao crédito. Continuo vendo o cenário doméstico como mais desafiador até as eleições, tanto do ponto de vista local como, agora, do ponto de vista externo. Tenho dificuldades em vislumbrar tendências muito claras para os ativos locais. Acredito que veremos movimentos bruscos e, talvez, até mesmo acentuados, mas sem uma tnedência muito clara. Vou continuar com recomendações e aloações mais baixas e adotando postura mais tática nos ativos locais.


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