Relação China-EUA, Emergentes & Argentina.


Na sexta-feira após a divulgação dos dados de emprego de abril nos EUA comentei a respeito da importância da dinâmica dos ativos de risco após os números (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/05/payroll-china-argentina.html). O que vimos foi uma forte alta das bolsas nos EUA, mas um dólar ainda relativamente forte, juros estáveis, mercados emergentes ainda com sinais de fragilidade e um mercado ainda indeciso em relação ao cenário corrente e prospectivo.
Após a Argentina anunciou uma alta de sua taxa de juros para 40%, observamos uma apreciação em torno de 2,5% do Peso (ARS), um movimento timido frente a depreciação recente, mas uma resposta relativamente acolhedora por parte dos sell-sides em relação a direção da política fiscal e monetária no país. Como comentei na sexta-feira pela manhã: A Argentina anunciou uma alta adicional de 675bps em sua taxa de juros, para 40%. O ARS está abrindo com baixa liquidez, em leve apreciação. Geralmente, “markets stop panicking when central banks start panicking”. Podemos estar mais perto deste momento, mas ainda acho cedo para afirmar com convicção.
No Brasil, a única notícia relevante do final de semana ficou por conta de uma eventual aproximação do Presidente Michel Temer, do MDB, com Geraldo Alckmin, candidato oficial do PSDB a presidente. Ainda é cedo para falar em alianças e muito mais cedo ainda para concluir que “a maquina no governo” e capaz de trazer benefícos a candidatura do PSDB que superem o ônus de um governo ainda muito mal avaliado pela população e pela sociedade em geral, de acordo com as pesquisas eleitorais recentes. Assim, ainda vejo um quadro eleitoral bastante aberto e indefinido.
No ambito externo, não vimos nenhuma evolução concreta nas negociações de China e EUA no tocante as suas relações comerciais. Será extremamente importante observar a postura que Trump irá adotar após o retorno de sua delegação da China em relação aos próximos passos neste embate.
Os jornais externos estão dando um enorme enfoque para a recente onda de pressão sobre os ativos emergentes e a alta do dólar. Isso me chama atenção para um eventual movimento “contrarian”, mesmo que de curto-prazo.
Ainda vejo um ano bastante desafiador e volátil pela frente. Contudo, por ora, ainda vejo os mercados, grosso modo, respeitando alguns “ranges”. Assim, não descarto que caso os dados de inflação nos EUA essa semana mostrem um cenário de poucas pressões inflacionárias, poderíamos observar algum alívio pontual e localizado nos ativos emergentes e no dólar. Obviamente que dados de crescimento global mais positivos também ajudariam esta dinâmica de curto-prazo.
Números de inflação mais elevados e falta de demanda para os leilões de Treasuries poderiam exacebar ainda mais os movimentos recente de pressão nos ativos emergentes, alta no dólar, queda das bolsas e das commodities.
Todavia, exceto por movimentos pontuais, puxados por posição técnica e “behavior” do mercado, ainda vejo uma economia americana saudável, com pleno emprego e o acumulo de pressões inflacionárias. Isso, invarialvemente, manterá o Fed em sua rota de normalização monetária, com altas de juros e redução de seu balanço. Além disso, continuamos em um ambiente de maior déficit, maior necessidade de financiamento do governo dos EUA e menos demanda por parte dos bancos centrais e investidores estrangeiros. Isso coloca um vetor adicional de pressão altista nas taxas de juros norte americanas e uma restrição relevante a apreciação dos ativos de risco.

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