Update.
A quinta-feira foi marcada por alguns
desdobramentos mais negativos nos EUA.
Primeiro, o ISM Non-Manufacturing de julho ficou abaixo das expectativas do
mercado, no menor nível em 11 meses, porém em patamar que ainda indica expansão
da economia. Acredito que, nos atuais níveis, é natural esperar alguma
acomodação dos indicadores de confiança, que não permaneceram nestes patamares
indefinidamente. Os ciclos econômicos mostram variações em torno das tendências
nos níveis atingidos pela maior parte dos indicadores de confiança do país. De
qualquer maneira, o número veio depois de vendas de veículos mais fracas e de
um construction spending mais fraco, ambos divulgados no início da semana, o
que ajudou a ascender um sinal de alerta nos investidores.
No final da tarde, a mídia do país
divulgou que as investigações em torno da possível intervenção da Rússia nas
eleições presidenciais devem ganhar novos contornos nos próximos dias, o que
ajudou a piorar o humor a risco em torno dos ativos do país.
De maneira geral, vimos um fechamento
de taxa de juros e uma levíssima fraqueza das bolsas. Por ora, vejo os
eventos/sinais citados acima como ruídos de curto-prazo, normais nesta fase do
ciclo econômico. Contudo, sinais adicionais nesta direção poderão levar os
investidores a rever de maneira mais incisiva o cenário de crescimento para o
país.
Nesta linha, os dados de emprego que
serão divulgados amanhã ganham importância dobrada. Acredito que na atual
conjuntura, a Taxa de Desemprego e o Average Hourly Earnings (AHE) sejam até
mais importantes do que o Payroll. Qualquer número mensal de criação de vagas
de trabalho superior a 125-130 mil postos de trabalho será lida como positiva/construtiva.
Um número muito mais baixo do que este pode trazer o receio de uma
desaceleração mais preocupante da economia. Todavia, a combinação da Taxa de
Desemprego e ao AHE poderá ser determinante para a política monetária de curto-prazo.
Se os sinais de pressões inflacionárias permanecerem ausentes, prosseguirá um
ambiente positivo para os ativos de risco, já que estará mantido o cenário de “Goldilocks”.
Caso haja um sinal mais acentuado de pressões inflacionárias de salário, o
mercado poderá ser obrigado a rever os próximos passos do Fed.
No Brasil, os mercados leram a vitória de Temer na votação de ontem
como neutra, e seguiram o humor global a risco. Assim, vimos uma realização de
lucros no Ibovespa, um BRL estável e mais uma rodada de fechamento de taxa de
juros, que continua se favorecendo de um cenário de baixa inflação, recuperação
lenta e gradual do crescimento e um banco central que indica continuidade do
ciclo de queda da Taxa Selic.
Continuo mantendo o foco em temas
específicos de mercado. Não vejo grandes assimetrias no BRL e no Ibovespa nos
atuais níveis. O mercado de juros deve continuar ancorado pela política
monetária, mas tenho o temor que esteja entrando em uma dinâmica de excesso
dado o tempo ainda até a próxima reunião do Copom.
De qualquer maneira, mantidas as
condições atuais, “the pain trade is up!”. Os dados de amanhã poderá dar novo
ímpeto à apreciação dos ativos de risco, ou levar o mercado a repensar as
tendências recentes.
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