"The pain trade is up!"
O destaque da manhã está por conta de
mais uma rodada de apreciação das bolsas ao redor do mundo. Os dados econômicos
globais, especialmente relativos ao crescimento, continuam apontando para uma
economia global robusta, o que ajuda a dar suporte aos ativos de risco.
Na Coréia do Sul as exportações de julho – um número visto como uma
boa Proxy de crescimento global dado
a abertura da economia do país e a elevada corrente de comércio – subiu de
13,6% YoY para 19,5% YoY, acima das expectativas de 15,9% YoY.
Na Austrália, o RBA manteve a política monetária inalterada, como era
amplamente esperado. O RBa promoveu apenas uma pequena alteração no comunicado,
para mostrar um leve desconforto adicional com o nível e a recente apreciação
do AUD: "an appreciating exchange rate would be expected to
result in a slower pick-up in economic activity and inflation than currently
forecast".
No Brasil, os jornais de hoje dão como
certa a possibilidade de revisão da meta fiscal para este ano. O número que
está sendo ventilado é de R$159bi, contra uma meta de R$139bi. Os jornais também
falam em medidas adicionais de ajuste, como a retirada das isenções fiscais
para aplicações em LCI e LCA, por exemplo.
Além
disso, existe algum foco da mídia na votação para denúncia sobre Michel Temer
no Congresso. Existe uma mobilização para obter quorum para a seção. Hoje, a
expectativa é que Temer saia vitorioso desta batalha. O placar da votação é
visto por muitos como um indicativo da força que o Governo manterá após este
evento.
Ainda na
agenda de hoje, teremos as Notas do Copom, em que poderá se solidificar a
expectativa de manutenção do ritmo de queda da Taxa Selic em 100bps na próxima
reunião do Copom, e uma taxa de juros terminais para este ciclo de corte abaixo
de 8%.
Continuo
vendo com preocupação o quadro fiscal estrutural do país. Contudo, entendo que
este governo esteja fazendo tudo que está ao seu alcance para atingir a meta
deste ano. O cenário de hoje já é de uma forte contração fiscal. O impulso para
a economia já está sendo bastante contracionista. As opções para o “atingimento”
da meta são escassas, e uma revisão parece ser o cenário mais provável. Tendo a
acreditar que, mantidas as condições atuais, os mercados financeiros locais
tendem a dar pouco peso a está revisão, mas movimentos de steepening da curva
de juros e alta das inflações implícitas são possíveis.
Minha visão segue inalterada. No Brasil, tenho
poucas convicções direcionais e estruturais no Ibovespa e no BRL. Continuo
gostando da parte curta da curva local de juros, mas focado em estruturais de
opções que julgo assimétricas. Continuo gostando de exposição à parte
intermediária da curva de inflação implícita.
No cenário externo, ainda vejo espaço para a
abertura das taxas de juros longas em alguns países de G10. Vejo espaço para
alguma exposição comprada em volatilidade em algumas classes de ativos. Estou
sem visão clara em FX, buscando alguns casos específicos de alocação.
De maneira geral, ainda vejo um cenário global relativamente tranquilo e construtivo. Por ora, não há motivos para grandes preocupações e/ou rupturas. Contudo, vejo preços na maior parte dos ativos de risco pouco atrativos e posições técnicas que se deterioram a cada novo dia.
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