Relatório Semanal de Asset Allocation:
A semana trouxe poucas novidades relevantes para o cenário.
Brasil – O país segue em uma recuperação econômica cíclica. A inflação
corrente está baixa, e permanecerá assim nos próximos 12 a 18 meses. O
crescimento mostra sinais de recuperação, ainda que incipientes e erráticos. As
contas externas continuam saudáveis. A situação das contas públicas ainda é o
maior e o mais preocupante problema do país. O BCB deverá seguir o seu ciclo de
queda da Taxa Selic, que deve chegar a pelo menos 7,5%, e sem perspectivas de
elevação num horizonte relevante de tempo.
O quadro político ainda é instável e requer cautela. A agenda
das próximas semanas será fundamental para medir o apoio que o atual governo
ainda tem do Congresso, e o quanto isso será suficiente para aprovar uma agenda
mínima de reformas. O destaque da semana ficará por conta da votação da TLP.
Em suma, vemos um pano de fundo relativamente estável no
curto-prazo, mas com riscos crescentes e preocupantes de longo-prazo,
especialmente devido a uma situação fiscal sem perspectivas de melhora, na
ausência de reformas estruturantes que dependem da boa vontade do Congresso e
da boa articulação do Governo.
EUA – Os dados econômicos continuam apontando para um crescimento
sólido, acima do potencial. O último exemplo disso foi a divulgação do Michigan
Confidence (índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan) na
sexta-feira, que superou as expectativas do mercado e se manteve nos níveis
mais elevados deste ciclo econômico. O mercado de trabalho vem se mostrando
bastante robusto, como pudemos confirmar com a divulgação de mais um Jobless
Claims (pedidos de seguro desemprego) extremamente baixo na quinta-feira. A
inflação, por sua vez, não mostra sinais consistentes de aceleração. Este
ambiente permite que o Fed (Banco Central dos EUA) seja gradual no seu processo
de normalização monetária. A redução do balanço deverá ser anunciada na reunião
do FOMC de setembro, mas uma nova alta de juros ainda depende de dados mais
positivos de inflação.
Lá, assim como no Brasil, o quadro político se mostra
conturbado. Trump adota uma postura beligerante em quase todos os temas
importantes da agenda do país, sejam eles econômicos, fiscais, geopolíticos
comerciais e etc. Na sexta-feira, um dos mais importantes assessores de Trump,
e um dos mais radicais, foi demitido do cargo. Sua saída deveria sinalizar
alguma mudança mais relevante na Casa Branca mas, por ora, enquanto o próprio
presidente não alterar sua postura, será difícil acreditar no avanço da agenda
legislativa do país.
China – O país está passando por um processo natural de desaceleração.
Até o momento, podemos classificar este processo como esperado e saudável, após
as inúmeras medidas adotadas nos últimos meses visando evitar os excessos da
economia e de alguns setores específicos. Contudo, qualquer sinal adicional de
desaceleração mais intensa poderá impactar de forma mais negativa os ativos de
risco. Por ora, este não é o cenário base, mas um cenário alternativo, com
probabilidade ainda baixa, mas que poderia trazer impactos relevantes aos
mercados financeiros globais.
Coreia do Norte – Na última semana, vimos um recrudescimento da retórica entre
EUA e a Coreia do Norte. Está agendada para esta semana um exercício militar
entre os EUA e seus aliados na Ásia na Península das Coreias. Podemos esperar
novos ruídos provenientes da região. A situação pode ganhar contornos mais
negativos a qualquer momento.
Mercados – Continuamos a ver poucas teses estruturais de investimentos e
assim, temos buscado alocações mais táticas e em temas específicos. Ainda
gostamos de alocações na parte curta da curva de juros do Brasil,
majoritariamente via estruturas de opções cujo risco/retorno aparentam estar
favorável para o nosso cenário base de queda de Taxa Selic. Aproveitamos a
deterioração da semana passada para destravar parte da nossa posição comprada
em inflação implícita na parte intermediária da curva, mantendo exposição às
NTN-Bs. No cenário externo, mantemos exposição às taxas de juros longas de
alguns países do G10, buscando hedges em alguns índices de bolsa. Mantemos
pequena exposição vendida em AUD e put/spreads de Vale, buscando “surfar” a
desaceleração corrente da China.
Não vemos motivos econômicos para uma realização de lucros muito
mais acentuada do que aquela observada nos ativos de risco nos últimos dias.
Contudo, algum “estrago” já foi feito no técnico do mercado. Assim, a dinâmica
de curto-prazo será essencial para medirmos se a correção será, como tem sido
regra neste ciclo, rápida, pontual e pouco acentuada, ou se uma correção
técnica de maior expressão está por vir.
Alocação/Estratégia:
Mantemos recomendações neutras para as principais classes de
ativos no Brasil.
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