Brasil: Contas externas saudáveis e recuperação lenta do crescimento.

Os ativos de risco apresentaram movimentos interessantes, na ausência de mudanças significativas de cenário. Destaque para o fechamento de taxas de juros em G10, após uma rápida e acentuada reversão das Treasuries no final da manhã. Confesso que não vi um “trigger” específico para o movimento de hoje. O mesmo comentário vale para a forte queda no preço do petróleo. Por outro lado, vimos um movimento quase que generalizado de fortalecimento do dólar no mundo, que em muito deve ser explicado por uma posição técnica já comprometida. Tendo a acreditar que estes movimentos sejam acomodações/realizações de lucros normais após o desempenho recente destas classes de ativos.

Nos EUA, o ISM Manufacturing recuou de 57,8 para 56,3 pontos, praticamente em linha com as expectativas. O número continua mostrando uma economia saudável, com crescimento relativamente estável. A queda de 1,3% MoM no Construction Spending de junho gerou algumas revisões marginais de PIB, ajudada também pelas prévias de vendas de veículos de julho, mas nada que altere de forma fundamental o cenário para o país.

No Brasil, o destaque ficou por conta das Notas do Copom. A mensagem do BCB é que mantidas as condições atuais deveremos ter uma nova queda de 100bps na Taxa Selic na próxima reunião do Copom. O parágrafo 24 resume bem esta visão: Debateu-se a conveniência de se sinalizar flexibilização adicional de mesma magnitude da adotada nesta reunião, versus uma flexibilização mais moderada. Concluíram por sinalizar, para a próxima reunião do Copom, uma possível flexibilização de mesma magnitude da adotada nesta reunião, mas que dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo. De forma geral, a magnitude da flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

Continuo gostando de exposição a parte curta da curva de juros, agora majoritariamente via estruturas de opção. Ainda gosto de manter exposição a parte intermediária da curva de inflação implícita. Continuo administrando tamanho e instrumentos, mas mantendo exposição a estas duas teses de investimentos.

Nos últimos dias, vimos um claro movimento de steepening da curva de juros e abertura das inflações implícitas. Acredito que o movimento faça sentido diante das condições atuais de política monetária, inflação, mas, principalmente, diante dos desafios das contas públicas nacionais no curto e no longo-prazo.


No campo econômico, segue um cenário de recuperação extremamente lenta do crescimento, contas externas saudáveis (vide superávit de $6,3Bi na balança comercial de julho) e desafios fiscais enormes.


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