Brasil: Riscos existem, mas a agenda econômica avança.

A quarta-feira foi bastante movimentada no Brasil, com algumas vitórias importantes para o Governo. A TLP foi aprovada pela Comissão Especial e irá a plenário em breve. Alguns avanços da PEC da Reforma Política também avançaram. O Governo anunciou um ambicioso programa de privatizações, além da liberação de cerca de R$15bi do PIS/PASEP.
A despeito dos ruídos políticos, a agenda econômica avança, mesmo que de maneira mais conturbada do que o imaginado anteriormente. Os riscos existem e os preços estão se tornando menos atrativos, mas mantido o cenário base (local e externo) ainda deve haver demanda para os ativos locais. A inflação baixa consolida as expectativas de continuidade do ciclo de queda da Taxa Selic, sem perspectivas de elevação da taxa no horizonte relevante de tempo.
Mantemos recomendações na parte curta da curva de juros nominais, administrando instrumentos e tamanho. Trocamos nossa exposição às NTNBs pela parte intermediária da curva nominal de juros. Nossa área econômica promoveu mudanças substanciais de expectativa para o IPCA, o que torna os juros nominais mais atrativos do que os juros reais. Mantemos um hedge via call/spreads de USDBRL e alguns plays específicos no mercado de renda variável.
O IPCA-15 ficou abaixo das expectativas do mercado, consolidando um cenário de inflação extremamente baixa no curto-prazo, com perspectivas ainda bastante positivas para os próximos 12 meses. Segundo nossa área econômica:
>> O IPCA veio abaixo do esperado (+0,35% vs. BBG: 0,4%). Surpresas para baixo em alimentos, administrados e serviços;
>> O qualitativo veio relativamente bom. Os índices de difusão subiram na margem, mas seguem em patamar relativamente baixo. A inflação de serviços dessaz desacelerou na margem e na média móvel trimestral se encontram em torno de 4%;
>> A inflação da média dos núcleos acelerou rapidamente na margem (para 4,8% anualizada), mas na média móvel trimestral ficou em 3,6%. Vale mencionar que é um segmento mais ruidoso;
>> Para o final do mês o IPCA deve ficar entre 0,30% e 0,35%. Com a informações mais recentes, o IPCA do ano está caminhando para 3,2%.
As contas externas mostraram um quadro de tranquilidade, com o déficit em conta corrente tranquilamente financiado pelo investimento estrangeiro direto. O destaque positivo do mês ficou por conta da conta de capital, com fluxos relevantes para renda fixa e bolsa.
Os ativos externos estão passando por um processo de consolidação. Mantenho minha visão inalterada. De maneira geral, eu continuo vendo poucas teses claras de alocação/investimentos estruturais nos atuais níveis de preço/valuations, mesmo com um cenário base ainda construtivo. Os riscos (positivos e negativos) ainda existem, são crescentes e mal precificados pelos mercados financeiros globais. Assim, continuo optando por temas específicos de investimentos, por posições mais táticas e pela busca constante de hedges para eventuais cenário alternativos.
Só adicionaria que a despeito de não ver motivos para “rompimentos” dos mercados externos, nem para o lado positivo, nem para o lado negativo, não estou gostando muito da dinâmica das bolsas dos EUA no curto-prazo.

Os PMI/ISM globais mostraram um cenário de crescimento saudável e estável, sem mudanças substanciais de panorama para a economia global.

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