Relatório Semanal de Asset Allocation:

A semana que passou foi marcada por dois eventos políticos relevantes mas de natureza distinta, um local e outro externo.

No cenário externo, observamos uma escalada da retórica entre os EUA e a Coréia do Norte. O presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu em sua conta no Twitter: “North Korea best not make any more threats to the U.S. They will be met with fire and fury like the world has never seen."

Raramente situações geopolíticas como a atual (entre EUA e Coréia do Norte) chegam ao clímax beligerante. Na maior parte das vezes, situações como essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura. Acreditamos que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco, especialmente nos atuais níveis de preço.

Já no Brasil, cresceram os ruídos em torno do ajuste fiscal e do apoio do Congresso para reformas estruturantes.

Entendemos que existe um esforço imenso deste governo e desta equipe econômica para colocar o país de volta nos trilhos. Entendemos que tudo ao alcance da equipe econômica está sendo feito para evitar cenários desastrosos para o país. Contudo, vemos com extrema preocupação a situação das contas públicas nacionais, principalmente na ausência de reformas estruturantes. Vemos como extremamente negativa as revisões das metas, especialmente a de 2018.

O mercado vinha, até o momento, dando o benefício da dúvida a este Governo e a este Congresso, mas isso não irá vigorar desta forma para sempre. O momento de aprovar reformas é agora, com uma base política ainda forte e um governo que ainda tem capacidade de articulação. Na atual conjuntura, contudo, não vemos disposição política, e nem uma aglutinação em torno da Reforma da Previdência, o que nos preocupa sobremaneira. Nossa opinião pode mudar com o passar do tempo e com a evolução desse quadro. Neste momento, todavia, vemos uma assimetria grande (para o lado negativo) caso a Reforma da Previdência não seja aprovada e a oposição do Congresso a medidas reformistas continue elevada.

Pode ser que o governo ventilar a revisão da meta de 2018 seja uma maneira de pressionar o Congresso pela Reforma, esperando uma reação dos mercados locais aos números apresentados. Ou então pode ser mesmo o governo “jogando a toalha” nas reformas, e/ou simplesmente a dura e negativa realidade da situação fiscal do país se impondo de maneira inexorável.

Alocação/Estratégia:

Mantemos recomendações neutras para as principais classes de ativos no Brasil.

O pano de fundo global aliado aos avanços positivos conquistados na agenda econômica e política nos últimos dias estão ajudando o bom desempenho dos ativos locais. Temos afirmado que não vemos grandes assimetrias nos mercados de câmbio, renda variável e juros longos nos atuais níveis, mas entendemos que a combinação de um crescimento global saudável, com inflação contida em G10, e a aparente ausência de riscos de curto-prazo podem continuar dando suporte aos ativos brasileiros.

Continuamos optando por manter recomendações e alocações mais neutras e menos direcionais, focada em temas específicos. No Brasil, ainda gostamos de exposição à parte curta da curva de juros e da compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Não temos um cenário direcional claro para o Real (BRL). Ainda acreditamos que ele se manterá em um grande “range” no curto-prazo, talvez entre 3,1-3,3. Estamos sem visão direcional para o Ibovespa. No cenário externo, temos pouca visibilidade no mercado global de câmbio, mas ainda gostamos de posições tomadas em taxas de juros em alguns países de G10, administrando tamanho e instrumentos. Achamos razoável a busca de hedges nos atuais níveis de preço, valuations, e volatilidades.

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