Novos sinais de fragilidade externa. Brasil: Oposição é dura, mas comprometimento com reformas continua.

As bolsas globais apresentaram forte recuperação na terça-feira puxadas pela ausência de novidades relevantes em um cenário base que continua a ser visto como positivo/construtivo. Em linhas gerais, por ora, exceto por ruídos pontuais, tais como a retórica entre EUA e a Coréia do Norte, e os problemas enfrentados por Trump em sua administração, segue um pano de fundo de crescimento global saudável, inflação baixa no mundo desenvolvido e condições financeiras globais frouxas.

De maneira geral, eu continuo vendo poucas teses claras de alocação/investimentos estruturais nos atuais níveis de preço/valuations, mesmo com um cenário base ainda construtivo. Os riscos (positivos e negativos) ainda existem, são crescentes e mal precificados pelos mercados financeiros globais. Assim, continuo optando por temas específicos de investimentos, por posições mais táticas e pela busca constante de hedges para eventuais cenário alternativos.

Nesta manhã, os mercados já mostram sinais de fragilidade novamente, com uma leve queda das bolsas e das commodities e alta do dólar. Neste momento, estes movimentos ainda são tímidos.

No Brasil, o destaque da terça-feira ficou por conta de uma forte alta do Ibovespa, liderada pelo anuncio da privatização (ou desestatização) da Eletrobrás, que acabou dando suporte as ações de empresas “públicas”. O movimento global de alta das bolsas também ajudou o movimento de ontem no Brasil.

Não sou especialista no mercado de renda variável. A bolsa local não parece “cara” tampouco “barata”, mas muito depende do cenário de cada um para o crescimento do país e, consequentemente, para a recuperação dos resultados corporativos (sem contas as expectativas de Taxa Selic, eleições de 2018 e etc). O que tenho visto, no geral, é um aumento do otimismo do mercado em relação ao crescimento da economia nos próximos anos, mas, em especial, em 2018. Ainda parecem haver casos específicos de oportunidades de investimentos no Ibovespa, mas acho difícil, da minha posição de “não especialista”, afirma que a bolsa local esteja “barata”.

No final da tarde de ontem, o BRL e o mercado de juros apresentaram forte deterioração, seguindo o fato da Comissão Especial da TLP ter sido encerrada por seu presidente (diga-se, um membro da oposição). Já existem articulações para colocar o tema em pauta na Comissão Especial (e no Plenário) ainda hoje. A TLP é um dos pontos fundamentais da agenda econômica deste Governo. É notório que desde a delação premiada da JBS ter se tornada pública, as articulações do Governo se tornaram mais difíceis. Contudo, pouco importa o caminho que seja percorrido para a aprovação de temas importantes, contanto que a agenda continue caminhando na direção correta. A aprovação (ou não) da TLP continuará tendo um impacto relevante sobre o preço dos ativos locais nos próximos dias.

Continuo recomendando alocações na parte curta da curva de juros de Brasil, majoritariamente via estruturas de opção, mas administrando tamanho e instrumentos. Nos atuais níveis de preço, encerramos nossa recomendação de compra de inflações implícitas na parte intermediária a curva. Trocamos o hedge via inflação implícita por call/spreads de dólar no final da semana passada.

Os jornais de hoje estão reportando os planos do governo para novas privatizações e medidas adicionais de ajuste do setor público. Além disso, existe a expectativa de que o BNDES faça um novo pagamento ao Tesouro Nacional. De maneira geral, as notícias apontam para um esforço adicional do Governo em seu projeto de ajuste econômico. A despeito da forte oposição enfrentada no Congresso e em setores da sociedade, este Governo continua mostrando comprometimento com o ajuste econômico.


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