Brasil: Revisão da meta fiscal de 2018 é preocupante. Reformas são imprescindíveis!

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início na terça-feira após as declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. Acredito que este evento seja um “trigger” para uma acomodação/realização de lucros dos ativos de risco no curto-prazo.

Na ausência de um avanço beligerante nos próximos dias, contudo, o movimento de “risk-off” deve ser visto como pontual e passageiro, sem desdobramentos maiores para o cenário de médio e longo-prazo. Este cenário será alterado, contudo, caso a situação geopolítica piore de maneira demasiada, ou se outros vetores afetarem os mercados financeiros globais, tal como um Core CPI muito acima das expectativas nos EUA amanhã.

No Brasil, a Bloomberg anunciou ontem, através de fontes, e a Folha de São Paulo afirma hoje, nesta matéria (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1908638-governo-deve-rever-meta-fiscal-de-2017-e-2018-ate-a-proxima-semana.shtml) que o governo irá rever as metas fiscais de 2017 e 2018. Acredito que a revisão da meta de 2017 já tenha sido assimilada pelo mercado. A matéria afirma, contudo, que o governo pretende revisar a meta de 2018 para R$170bi, superior ao déficit de 2016 e de 2017.

Entendo que existe um esforço imenso deste governo e desta equipe econômica para colocar o país de volta aos trilhos. Entendo que tudo ao alcance da equipe econômica está sendo feito para evitar cenários desastrosos para o país. Contudo, vejo com extrema preocupação a situação das contas públicas na ausência de reformas estruturantes. Vejo como extremamente negativo as revisões das metas, especialmente a de 2018.

O mercado vinha, até o momento, dando um benefício da dúvida a este Governo e a este Congresso, mas isso não irá vigorar desta forma para sempre. O momento de aprovar reformas é agora, com uma base política ainda forte e um governo que tem capacidade de articulação. Na atual conjuntura, não vejo disposição política e nem uma aglutinação em torno da Reforma da Previdência, o que me preocupa sobremaneira. Minha opinião pode mudar com o passar do tempo e as articulações do governo. Vejo uma assimetria grande (para o lado negativo) caso a Reforma da Previdência não seja aprovada.

Pode até ser que o governo ventilar a revisão da meta de 2018 seja uma maneira de pressionar o Congresso pela Reforma, esperando uma reação dos mercados locais aos números apresentados. Pode ser uma estratégia, ou pode ser o governo “jogando a toalha” nas reformas, ou simplesmente uma realidade dura e negativa da situação fiscal do país.



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