Relatório Mensal:
Pano de fundo global:
O mês de julho é sazonalmente marcado pela baixa liquidez dos
mercados financeiros globais, fruto do verão no hemisfério norte e das férias
nesta parte do mundo. Na ausência de novidades relevantes no cenário, este
período costuma ser marcado pela apreciação dos ativos de risco de maneira
geral, e a busca por ativos de carrego, ou o “carry trade” no termo em inglês,
em especial. O mês julho de 2017 não foi diferente.
Em relação ao cenário econômico, vimos poucas mudanças
substanciais em relação aos últimos meses. A economia mundial cresce a taxas
saudáveis, a inflação no mundo desenvolvido segue baixa, a despeito dos sinais
de aceleração lenta e gradual. Com este pano de fundo, os bancos centrais das
principais economias do mundo mostram disposição e dar continuidade ao processo
de normalização monetária, porém de maneira extremamente gradual. Este
ambiente, assim, tem permitido que as condições financeiras globais permaneçam
frouxas.
Reforçamos aqui a mensagem do mês passado. Ainda parece cedo
para prever uma reversão completa das tendências que prevaleceram no primeiro
semestre. Contudo, com a posição técnica muita mais “leve”, “limpa” e pouco
consensual na direção da normalização monetária e nos conhecidos “reflation
trades” e “Trump trades”, e um sinal cada vez mais claro por parte dos bancos
centrais no G10 na direção de políticas monetárias menos expansionistas,
podemos estar diante do começo de novas tendências para os ativos de risco
neste segundo semestre do ano.
É importante lembrar que há quase uma década os investidores não
se veem diante de um movimento coordenado de aperto monetário, com consequente
(talvez esperado) aperto das condições financeiras. O movimento por parte dos
BCs será extremamente gradual e bem comunicado. É bastante provável que
movimentos de “stop-and-go” venham a ocorrer, ou seja, momentos de aperto
monetário sendo seguidos de alívio, mesmo que na comunicação, em reação a
movimentos mais acentuados de correção dos ativos de risco (vamos lembrar que o
Fed foi obrigado a fazer uma enorme pausa entre a primeira alta de 25bps nas
taxas de juros e a segunda elevação, após uma reação negativa dos ativos de
risco e uma “mini crise” na China e nos mercados emergentes).
Os ativos de risco como um todo continuam em níveis
historicamente elevados, com as volatilidades realizadas e implícitas em níveis
nunca antes observados. O processo de normalização monetária não
necessariamente irá causar reverberações negativas ao redor do mundo. Ainda
podemos experimentar um momento prolongado de estabilidade econômica e
financeira.
Todavia, a história mostra que momentos como o atual requerem
cautela, posições mais neutras, frente a preços menos atrativos, e a busca por
hedges, que ainda se mostram baratos nos atuais níveis.
Brasil:
Os ativos locais se favoreceram do
cenário externo estável e construtivo. Além disso, o recesso parlamentar
permitiu que os ruídos políticos fossem reduzidos ao longo do mês. Assim,
seguimos em um ambiente de inflação baixa, perspectiva de cortes adicionais na
taxa Selic e contas externas saudáveis. O crescimento mostra sinais de
estabilização, mas a recuperação continua aquém da esperada. Não há, ainda,
sinais mais consistentes de recuperação sustentável da economia. Além disso, as
contas públicas continuam preocupantes, não apenas devido as surpresas
negativas de crescimento e arrecadação no curto-prazo, como também fruto das
perspectivas futuras, na ausência de reformas estruturais mais arrojadas, como
a Reforma da Previdência.
As contas
públicas continuam a ser um grande problema para o país, que nem mesmo os
avanços cíclicos da economia estão sendo capazes de acobertar. Na ausência de
reformas estruturas, como da Previdência, a situação tende a piorar
exponencialmente a cada novo ano, na ausência de uma aceleração sustentável do
crescimento. O governo ainda batalha pela sua sobrevivência, mas acena para a
possibilidade de retornar o debate da Reforma da Previdência. Será este cenário
crível? Os próximos meses serão fundamentais nesta frente de batalha.
Alocação/Estratégia:
Mantemos recomendações neutras (em relação aos benchmarks de
cada portfólio) nas principais classes de ativos locais.
Fundo Icatu Vanguarda
Macro Fundo de Investimento Multimercado:
O Fundo manteve posição na parte curta da curva de juros,
administrando tamanho e instrumentos. Continuamos com exposição a este tema.
Ainda vemos espaço para o fechamento das taxas curtas de juros no país,
ajudadas por um cenário de inflação baixa, expectativas de inflação ancoradas,
crescimento fragilizado e demais variáveis estáveis.
Adicionamos uma posição comprada em inflação implícita na parte
intermediária da curva. A despeito de ainda trabalharmos com um cenário de
inflação baixa neste e no próximo ano, vemos como excessivamente baixos, tanto
para os padrões históricos como para os riscos que vislumbramos no cenário, os
prêmios de inflação embutidos na curva.
Continuamos sem exposição estrutural relevante nos mercados
locais de câmbio e bolsa.
Mantemos posição tomada nas curvas longas de juros de alguns
países de G10. Adicionamos pequenas posições compradas em volatilidade tanto no
mercado de juros dos EUA quanto no mercado de bolsa do país. Acreditamos que o
processo de normalização monetária nas principais economias do mundo irá
continuar, mesmo que de forma gradual. Acreditamos que pouco disso esteja
precificado nas curvas longas de juros. Além disso, vemos uma assimetria
razoável a compra de volatilidade em algumas classes de ativos do exterior.
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