"Goldilocks are back!". Riscos ainda existem...
O destaque do dia ficou para mais uma rodada de dados positivos
nos EUA e sinais mais animadores de
crescimento no Brasil. A combinação
de dados mais positivos, com o recrudescimento dos ruídos geopolíticos ajudaram
a dar sustentação aos ativos de risco.
Nos EUA, as vendas no
varejo de julho ficaram bem acima das expectativas do mercado e após revisões
altistas para os números de junho. O Empire Manufacturing de agosto, uma das
prévias para o ISM, também superou as expectativas. De maneira geral, os
números continuam apontando para um crescimento robusto da economia do país (e
do mundo).
Na ausência de mudanças substanciais de cenário, ou de ruídos
pontuais, o mercado deverá seguir o roteiro do “Goldilocks”. Lembrando,
crescimento global saudável, inflação ainda baixa no mundo desenvolvido e
condições financeiras frouxas. Isso deve favorecer a busca por ativos de risco,
no geral.
No cenário externo, tenho optado por manter exposição apenas a
tese de abertura de taxas de juros em alguns países de G10. Após um “spike” do
VIX de 8% para 17%, o índice encontra-se agora abaixo de 12%, nível que já
começa a ser razoável voltar a montagem de alguns hedges. Mantido o cenário atual, contudo, é razoável supor que o
VIX teste novamente, mesmo que pontualmente, níveis abaixo de 10%. Sigo
levemente vendido em AUD, e com PS de Vale, na tentativa de “surfar” essa
desaceleração do crescimento da China. Não espero uma ruptura proveniente da
China, mas um cenário de desaceleração gradual, com algum ajuste de preços dos
ativos mais dependentes da demanda da China.
No Brasil, as vendas
no varejo ficaram muito acima das expectativas em junho, mostrando sinais um pouco
mais consistentes de recuperação da economia. Caso a recuperação do crescimento
se mostre mais sustentável, uma boa parte dos problemas do país será resolvido
de maneira mais fácil, como o problema da baixa arrecadação e dos elevados
déficits fiscais. O número de hoje é um bom início desta longa jornada, mas não
um sinal definitivo.
Após uma série de “balões de ensaio” em torno da tolerância do
mercado ao déficit fiscal primário de 2017 e 2018 a mídia está repostando que o
déficit será de R$159bi em ambos os anos. Chegou-se a especular um número de
R$170bi para ambos os anos. Até poucos dias atrás, o mercado já havia digerido
a revisão de 2017, mas “olhava torto” para a revisão do déficit de 2018. Após
ventilarem um déficit de R$170bi, o anúncio de R$159bi deve até ser visto com
bons olhos por um mercado anestesiado...(não que eu concorde, mas a dinâmica
tem sido essa).
Mantenho alocação na parte curta da curva local de juros,
majoritariamente em estratégias de opção cujo risco retorno me parecem ainda favoráveis
caso nosso cenário base de queda de juros (-100/-75/-50) seja concretizado.
Continuo vendo uma boa assimetria na parte intermediaria da curva de inflação
implícita, mas reduzimos um pedaço da posição, por nível de preço, nos últimos
dias.
De maneira geral, vejo teses específicas de investimentos, mas
pouca visibilidade de grandes tendências. O cenário macro global parece
construtivo/positivo, mas existem riscos crescentes, com probabilidades ainda
baixas, porém impactos relevantes nos preços dos ativos. No Brasil, é verdade
que existem avanços relevantes ocorrendo na economia, e o cenário cíclico
parece positivo e sem perspectivas de mudanças substanciais no curto-prazo.
Contudo, também vejo preços menos óbvios e, em algumas classes de ativos, uma posição
técnica comprometida. Os riscos do cenário também me parecem elevados, mesmo
que o curto-prazo dê ares de tranquilidade ao ambiente local.
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