Risk-Off!

O dia foi marcado por um movimento quase que generalizado de “risk-off”, com os mercados ainda digerindo a situação geopolítica global. Reforço aqui o que escrevi pela manhã:

Os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início na terça-feira após as declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. Acredito que este evento seja um “trigger” para uma acomodação/realização de lucros dos ativos de risco no curto-prazo. Na ausência de um avanço beligerante nos próximos dias, contudo, o movimento de “risk-off” deve ser visto como pontual e passageiro, sem desdobramentos maiores para o cenário de médio e longo-prazo. Este cenário será alterado, contudo, caso a situação geopolítica piore de maneira demasiada, ou se outros vetores afetarem os mercados financeiros globais, tal como um Core CPI muito acima das expectativas nos EUA amanhã ou dados muito mais fracos de crescimento na China (que serão divulgados no início da semana que vem).

Mantenho posições neutras, focadas em temas específicos. Aproveitamos o dia para zerar as posições de compra de volatilidade em índices de bolsa dos EUA, que vinhamos carregando há cerca de 1 mês. O VIX saiu de próximo a 8% para 16% neste momento. O índice ainda pode subir mais, testar patamares próximos ou acima de 20%, mas eventos deste tipo são raros. O risco/retorno, nos atuais níveis, me parece ruim. As vols no mercado de FX ainda não reagira, na mesma magnitude do que as vols de bolsa (assim como as vols de Rates pouco reagiram a este ambiente).

No Brasil, também observei poucas alterações no cenário que preocupante que tenho descrito nos últimos dias. A situação pode, eventualmente, avançar na direção correta, e/ou os preços dos ativos locais podem reprecificar os riscos correntes e prospectivos. Contudo, hoje, ainda vejo prêmios de risco baixos, riscos elevados, e uma posição técnica comprometida.

Reforço que não estou adotando uma postura direcional negativa, apenas focando em temas específicos, levando em consideração cenário macro, nível de preços, e posição técnica.


Assim, ficamos da seguinte maneira. Zeramos a compra de volatilidade em bolsa dos EUA. Reduzimos a compra de inflação implícita na parte intermediária da curva local, mas mantemos uma posição ainda mediana. Mantemos exposição a parte curta da curva de juros nominais no Brasil, majoritariamente via estruturas de opção. Adicionamos um pequeno call/spread de USDBRL. Mantemos posição tomada em juros longos em alguns países do G10. Temos pequenas posições vendidas em AUD e put/spreads de Vale, mas cuja alocação a risco é bastante pequena.

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