EUA: Pleno Emprego.
O destaque do dia ficou
por conta dos dados de emprego de
julho nos EUA. Os números ficaram
acima das expectativas do mercado, e confirmam um mercado de trabalho saudável
e robusto. É bastante provável que o país esteja muito próximo, ou já além, do
pleno emprego.
Os dados de rendimentos
dos trabalhadores apresentaram uma elevação levemente acima das expectativas.
Por um lado, o número pouco altera o cenário de curto-prazo para crescimento e
política monetária. Por outro lado, deverá dar confiança ao Fed de que a
continuidade do processo de normalização monetária ainda é necessária.
O mercado já espera a
anuncio da redução do balanço do Fed para o mês de setembro e precifica em
torno de 50% de probabilidade de uma alta de 25bps nas taxas de juros até o
final do ano. A curva continua excessivamente leniente em relação a altas
adicionais de juros nos anos de 2018 e 2019, o que me parece um risco para os
próximos meses.
Na semana que vem, os
dados de inflação (PPI e CPI) serão fundamentais para o cenário de curto e
médio prazo dos ativos de risco.
Vale ressaltar que um
importante membro da equipe econômica de Trump sinalizou para medidas que visam
a repatriação de recursos corporativos de volta aos EUA, nos planos de reforma
tributária/fiscal que estão sendo discutidas. Esta medida poderia ter impactos
relevantes no mercado global de câmbio. Por ora, o mercado embute baixíssimo
prêmio para qualquer avanço na agenda legislativa, econômica e tributária no
país, já que Trump e cia. têm mostrado pouca capacidade de gestão política.
Ainda acho que seja
cedo para afirmar que estamos diante de uma inversão completa de tendências
para os ativos de risco, e prefiro esperar dos dados de inflação na semana que
vem para ter maior certeza nesta frente. Enquanto isso, acredito que a posição
técnica pode sim favorecer um “rebound”
tático do dólar no mundo e dar alguma sustentação, mesmo que ainda frágil, às
taxas de juros nos EUA. Continuo vendo o nível de preços das bolsas dos EUA
como “esticados”, com valuations
poucos atrativos. Uma correção me parece saudável, mas ainda não vejo um
trigger claro para este evento (pode ser por simples mudança de dinâmica, mas
ainda não há este sinal).
No Brasil, o dia foi de poucas novidades para o cenário, e pouca
movimentação para os preços dos ativos locais. Minha maior convicção continua a
ser na curva de juros, na parte curta da curva. Contudo, vejo uma Taxa Selic
terminal, olhando de hoje, em 7%. Ainda existe espaço para fechamento de taxas,
mas a assimetria está cada vez pior. Tenho dificuldades em alongar a duration da recomendação, diante das
incertezas políticas, especialmente no tocante ao cenário fiscal. Contudo,
tenho a entendimento que na ausência de novidades relevantes, o movimento
recente de flattening da curva possa
continuar.
O mesmo argumento é válido
para o BRL e o Ibovespa. Não vejo grandes assimetrias nos atuais níveis, mas a
manutenção de um cenário externo tranquilo (que será testado semana que vem com
os dados de inflação nos EUA), e na ausência de novidades relevantes no cenário
local, podem continuar a se apreciar. Aqui, vale comentar que já vejo uma
quantidade não desprezível de locais vendidos em dólar e comprados em Ibovespa.
Não acredito que o técnico seja excessivamente ruim, mas tampouco o mercado
está totalmente desalocado.
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