Relatório Semanal de Asset Allocation:

A semana foi de poucas alterações relevantes para os cenários local e externo.

No Brasil, os ativos locais continuam a se favorecer de um cenário externo estável e construtivo. Além disso, o recesso parlamentar permitiu que os ruídos políticos fossem reduzidos ao longo do último mês. Assim, seguimos em um ambiente de inflação baixa, perspectiva de cortes adicionais na taxa Selic e contas externas saudáveis. O crescimento mostra sinais de estabilização, mas a recuperação continua aquém da esperada. Não há ainda sinais mais consistentes de recuperação sustentável da economia. Além disso, as contas públicas continuam sendo fonte de grande preocupação, não apenas devido às surpresas negativas de crescimento e arrecadação no curto-prazo, como também fruto das perspectivas futuras, principalmente na ausência de reformas estruturais mais arrojadas, como a Reforma da Previdência.

As contas públicas continuam a ser um grande problema para o país, que nem mesmo os avanços cíclicos da economia estão sendo capazes de esconder. Na ausência de reformas estruturais, como da Previdência, a situação tende a piorar exponencialmente a cada novo ano, ainda mais sem uma aceleração sustentável do crescimento. O governo ainda batalha pela sua própria sobrevivência, mas acena para a possibilidade de retomar o debate da Reforma da Previdência. Será este cenário crível? Os próximos meses serão fundamentais para definição nesta frente de batalha.

Nos EUA, o destaque ficou por conta dos dados de emprego de julho. Os números ficaram acima das expectativas do mercado, e confirmam um mercado de trabalho saudável e robusto. É bastante provável que o país esteja muito próximo, ou já além, do pleno emprego. Os dados de rendimentos dos trabalhadores apresentaram uma elevação levemente acima das expectativas. Por um lado, o número pouco altera o cenário de curto-prazo para crescimento e política monetária, por outro, deverá dar confiança ao Banco Central Americano (Fed) de que a continuidade do processo de normalização monetária ainda é necessária.

O mercado já espera o anúncio da redução do balanço do Fed para o mês de setembro, e precifica em torno de 50% de probabilidade de uma alta de 25bps nas taxas de juros até o final do ano. A curva continua excessivamente leniente em relação a altas adicionais de juros nos anos de 2018 e 2019, o que nos parece um risco para os próximos meses. Nesta semana, serão divulgados os dados de inflação (PPI e CPI) que serão fundamentais para a determinação do cenário de curto e médio prazo dos ativos de risco.

Na Europa, o crescimento permanece mostrando robustez, com uma queda mais rápida do que a esperada da taxa de desemprego. A inflação sobe de maneira gradual.

Na Ásia, o destaque ficou por conta dos desdobramentos em torno da Coréia do Norte. O destaque do final de semana ficou por conta da decisão por parte da ONU de aprovar novas e pesadas sanções à Coréia do Norte, em resposta aos recentes novos testes militares do país. A medida teve o apoio da China e da Rússia, que são países vistos como aliados da Coréia do Norte e que, normalmente, atuam de maneira a atenuar as medidas cautelares contra o país. A Coréia do Norte reagiu verbalmente às medidas, prometendo um “mar de fogo” contra os EUA e seus aliados. No curto-prazo, assim, ficamos num cenário de incerteza. Do lado negativo, temos uma Coréia de Norte cada vez mais avançada em seu programa nuclear. Do lado positivo, os EUA conseguiram cooptar China e Rússia em favor de uma solução diplomática para a questão. A situação na região é tensa e indefinida, mas uma solução militar, a despeito das recentes trocas de acusações, ainda é um “risco de cauda”.

Alocação/Estratégia:
Mantemos recomendações neutras para as principais classes de ativos no Brasil.

O pano de fundo global aliado aos avanços positivos conquistados na agenda econômica e política nos últimos dias estão ajudando o bom desempenho dos ativos locais. Temos afirmado que não vemos grandes assimetrias nos mercados de câmbio, Renda Variável e Juros Longos nos atuais níveis, mas entendemos que a combinação de um crescimento global saudável, com inflação contida no G10, e a aparente ausência de riscos de curto-prazo podem continuar dando suporte aos ativos brasileiros. Nossa visão de curto-prazo se mostrou errada, pois o alinhamento dos vetores locais e externos está ajudando a dar ímpeto aos movimentos positivos de todos os ativos locais.


Continuamos optando por manter recomendações e alocações mais neutras e menos direcionais, focada em temas específicos. No Brasil, ainda gostamos de exposição a parte curta da curva de juros e da compra de inflação implícita na parte intermediária da curva. Não temos um cenário direcional claro para o Real (BRL). Ainda acreditamos que ele se manterá em um grande “range” no curto-prazo, talvez entre 3,1-3,3. Estamos sem visão direcional para o Ibovespa. No cenário externo, temos pouca visibilidade no mercado global de câmbio, mas ainda gostamos de posições tomadas em taxas de juros em alguns países do G10, administrando tamanho e instrumentos. Achamos razoável a busca de hedges nos atuais níveis de preço, valuations, e volatilidades.

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