Global risk-off/Brasil: governo sofre resistência para promover reformas.
Os
ativos de risco estão dando continuidade ao movimento de realização de lucros (risk-off) que teve início ontem após as
declarações de Trump em torno da Coréia do Norte. No início da noite de ontem,
a Coréia do Norte respondeu a Trump
de forma rápida, agressiva e ameaçadora. Declarações de um membro do Governo
norte coreano diziam que o país estava pronto para atacar a Ilha de Guam,
território norte americano no Pacífico onde fica a cede de uma base militar dos
EUA.
Mantenho
aqui o que escrevi na tarde de ontem.
Ficamos na seguinte situação: Raramente situações
como essa chegam ao ponto beligerante. Na maior parte das vezes, situações como
essa chegam a um equilíbrio na base da diplomacia. Contudo, não estamos em
tempos normais. Os líderes de EUA e Coreia do Norte são de difícil leitura.
Acredito que ninguém tenha vantagem comparativa em prever este tipo de
evento/situação. A sinalização de Trump, entretanto, coloca o mercado em
alerta. Qualquer resposta verbal, ou novo teste balístico por parte da Coreia
do Norte, poderá levar a uma reação desproporcional nos ativos de risco,
especialmente nos atuais níveis de preço.
No
Brasil, os jornais continuam dando
foco a situação calamitosa das contas públicas nacionais, e as dificuldades em
encontrar saídas estruturais para o problema. Segundo o Valor:
O governo trabalha em uma combinação de corte de despesas, elevação de receitas e mudança de meta por conta da necessidade de se cobrir um buraco no orçamento de 2018 que há algumas semanas era estimado entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões e que números mais recentes apontam para algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, segundo fontes da área econômica. Essa deficiência considera a meta atual de R$ 129 bilhões definida para o ano que vem, cuja revisão está em discussão no governo. Além do rombo fiscal, o governo ainda estava enfrentando dificuldades em manter a despesa dentro do limite do teto de gastos. Com alta de despesas da Previdência superior a R$ 40 bilhões e do gasto com pessoal, entre outras obrigatórias, o teto estava sendo superado em mais de R$ 10 bilhões. O adiamento dos reajustes de servidores, medida também em discussão no governo, se insere nesse contexto. O governo em tese teria um espaço adicional para subir as despesas além do limite do ano que vem por conta do contingenciamento deste ano, mas se a meta for revista e permitir um desbloqueio, o espaço de 2018 se diminui.
Temer
afirmou que o aumento do IR, que chegou a ser ventilado no inicio da semana,
está fora de cogitação neste momento. O aumento do imposto sobre lucro e
dividendos das empresas ainda é uma medida em estudo.
Além das
soluções “tampões” de curto-prazo, existe um esforço par aprovar a Reforma da
Previdência. Ao que me parece, ainda há uma chance de aprovar algumas medidas
propostas pelo texto original, mas o calendário está se tornando excessivamente
curto.
No
tocante a TLP, matéria do Estadão já fala em mudanças na Taxa para atender as
pequenas e médias empresas. Caso confirmada esta alteração, seria mais uma “desfiguração”
de uma medida vendida como essencial para a economia. Segundo o Estadão:
Em meio às investidas do
Congresso para mudar o desenho da nova taxa de juros que balizará os
empréstimos do BNDES, o governo deve acenar com mudanças para que pequenas e
médias empresas (MPMEs) tenham regras diferenciadas de financiamento. A
estratégia é tentar vencer as resistências para a aprovação da chamada Taxa de
Longo Prazo (TLP), medida essencial para que o Tesouro reduza o custo com
subsídios. Os parlamentares temem que a iniciativa resulte em crédito mais caro
para as empresas.
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