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Os ativos de risco estão mostrando sinais claros de poucas convicções por parte dos investidores. A despeito da rápida e acentuada recuperação das bolsas dos EUA ao longo da tarde, ainda vejo a dinâmica dos mercados como preocupante.

Eu tenho total noção que, no curto-prazo, o evento do Brexit terá um peso grande sobre o humor do mercado, mas estou a cada dia mais convicto que existem outros vetores por baixo da superfície que extrapolam este problema pontual.

Repito, caso o “remain” vença o referendo na Inglaterra, devemos observar um rally de curto-prazo nos ativos de risco. Contudo, não acredito que será duradouro. A forte queda das commodities, a postura mais dovish de alguns bancos centrais da Ásia, especialmente na periferia da China, e a extrema compressão de taxas de juros no mundo desenvolvido não me parecem sinais saudáveis para o mercado. Além disso, a postura do BoJ na noite de hoje apenas reforçou a visão alarmista de alguns economistas de que podemos estar próximos de um período em que a política monetária seja cada vez menos potente, em meio a uma economia global fragilizada. Assim, cresce o coro por políticas fiscais mais frouxas que, por hora, está encontrando pouca reverberação dos policy makers, ou por restrições de endividamento, ou por restrições políticas.

O cenário base continua a ser de um baixo crescimento global, com pouca volatilidade econômica. Contudo, aumenta a probabilidade do mercado precificar, no curto-prazo e pontualmente, um cenário mais nebuloso de crescimento, com riscos a estabilidade financeira.


No Brasil, os ativos locais estão seguindo o humor global a risco. Tenho alterado um pouco minha visão em relação aos mercados locais. Tentando extirpar o cenário externo, já descrito acima, começo a ter uma visão menos construtiva com a curva local de juros, especialmente a parte curta. A inflação de curto-prazo continua desfavorável, a inflação de 2016 será desconfortavelmente elevada, e o novo BCB precisará ganhar credibilidade. Como tenho insistido nas últimas semanas, acho que o cenário mais coerente seria esperar um tempo antes de dar início a um processo de queda de juros. Neste caso, a curva curta de juros poderia sofrer. Nos juros reais, observamos uma forte alta das inflações implícitas, o que torna a alocação em NTNB menos favorável. Assim, estou alternando um pouco do risco para opções de BRL, com perdas limitadas, e mantendo risco na parte longa da curva de juros reais. Assim, o portfólio fica mais reativo a mudanças de cenário estrutural, do que um play de política monetária, ou de inflação de curto-prazo.

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