Brasil: Ruídos e Avanços.

Há rumores, trazidos pela revista Veja, de que João Vaccari Neto, ex tesoureiro do PT, preso a mais de 1 ano pela Operação Lava-Jato, estaria em conversas com o MPF para fechar um acordo de delação premiada. Ainda segundo informações da mídia, Vaccari estaria disposto a falar sobre o potencial financiamento ilegal da campanha presidencial de Dilma em 2014. Além disso, ele poderia colocar o atual presidente interino, Michel Temer, no meio do escândalo. Caso a notícia seja verdadeira, e Vaccari consiga provar este eventual “esquema” de financiamento, cresceria a probabilidade do TSE caçar a chapa eleita em 20014, o que elevariam as chances de uma nova eleição.

Vale lembrar que nos últimos dias o PT parece estar conformado com a impossibilidade de Dilma voltar ao poder e, mesmo que volte, estão divulgando a tese de que chamariam eleições antecipadas. A última pesquisa de intenções de voto divulgadas pela CNI na última semana mostra que Lula ainda tem força política o que, provavelmente, reanimou este tema por parte do PT.

Por hora, estes são apenas rumores. Uma delação premiada ainda levaria tempo para ser firmada e mais tempo ainda para ser homologada e investigada. Por hora, vejo estes indícios como mais um ruído político de curto-prazo, que pode vir a reverberar nos ativos locais. Contudo, ainda me parece cedo para acreditar que o governo Temer está fadado a uma “morte precoce”.

Enquanto a temperatura política continua elevada, e assim deve permanecer enquanto a Lava-Jato estiver operante, o governo interino continua trabalhando no ajuste da economia e, em especial, no ajuste fiscal.

De acordo com O Globo, o governo desistiu de alguns pontos da Reforma da Previdência, como a desvinculação ao salário mínimo. Contudo, pontos como a idade mínima serão mantidos. Ainda faltam informações mais detalhadas da Reforma, mas a estratégia da equipe de Meirelles me parece clara e acertada. As reformas propostas não serão o sonho que muitos imaginam, mas avançarão infinitamente se comparado ao cenário em que vivemos hoje. Mantenho minha visão de que faz parte do jogo político as negociações. Nenhuma reforma será aprovada 100% da maneira que será proposta e que muitos ortodoxos defendem. Contudo, o ajuste da economia será feito por um acumulo de medidas, que serão anunciadas, negociadas e aprovadas ao longo do tempo. Vejo como positivo a agilidade com que o governo está tratando destes temas.

Nesta mesma linha de raciocínio, a proposta de teto de reajuste para os gastos públicos deverá ser apresentada nas próximas semanas (ou nos próximos dias), provavelmente com uma data limite de funcionamento. Desta forma, sua aprovação se torna mais provável.

Reforço que as medidas são positivas, mas não suficientes para levar o país de volta ao rumo do crescimento e de contas fiscais sustentáveis. De qualquer maneira, caso as propostas sejam aprovadas, vejo como muito positivo este começo de governo. Após estes passos iniciais, teremos um longo caminho em que privatizações, um programa de concessões, PPPs, ajuste do balanço do BNDES, Caixa e BB, avanço na administração das estatais serão fundamentais para que o crescimento potencial do país seja elevado.

Mantenho um viés positivo com o mercado de juros reais. Não vejo muito valor, neste momento, no mercado de renda variável e no BRL, assim como na curva curta de juros nominais. Estou observando qualquer abertura de taxas na curva de juros para voltar a alocar risco nesta classe de ativo.

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