Risk-Off!

Os ativos de risco passaram grande parte da semana ajustando posições para um cenário visto por muitos, e classificado neste fórum, como “Sweet Spot”. Contudo, como comentei na semana passada, logo após a divulgação dos dados de emprego nos EUA:

Acredito que uma desaceleração dos EUA, caso confirmada, aliada aos sinais de desaceleração globais, especialmente (mas não apenas) na Ásia, colocam o mundo em uma situação bastante delicada. Vale frisar que eu não trabalho com um cenário de crise ou recessão aguda. Todavia, temos que ser honestos que, diante de um mundo que cresce pouco, com os PMIs perigosamente em torno de 50 pontos, mas com viés baixista, eleva a probabilidade de um período mais turbulento para a economia mundial. Mesmo que este não seja o cenário base, os últimos indicadores de crescimento, no mínimo, aumentam as chances do mercado precificar, pelo menos no curto-prazo, um maior risco de recessão.

Assim, acredito que precisamos ter cuidado com a reação dos ativos de risco no curto-prazo. Se o cenário descrito no parágrafo acima for confirmado, podemos observar a volta da pressão nas moedas emergentes, em um ambiente de EUR, CHF e JPY em alta. Um mundo que cresce pouco não me parece positivo para as commodities, e muito menos para os países emergentes, muitos deles alavancados, que precisam, urgente, de crescimento. Além disso, o patamar atual de algumas bolsas ao redor do mundo trabalha com um crescimento acima do que os dados correntes estão apresentando.

Em suma, a reação dos ativos de risco no curto-prazo será levada pelo quadro técnico. Todavia, se confirmando um cenário de menor crescimento global, existe um risco razoável do mercado ficar com um receio maior de uma recessão no mundo, criando um ambiente menos propício aos ativos de risco.

Minha visão se mostrou errada por cerca de uma semana. Todavia, nos últimos dias, o mercado parece ter se atentado para este cenário descrito acima, o que vem favorecendo um movimento, ainda que fluido e tímido, de aversão a risco. A continuidade do processo de queda no preço das commodities metálicas e o fechamento global de taxa de juros foram sinais inequívocos da fragilidade da economia global.

Para piorar a situação, está crescendo o coro, no mercado e no meio acadêmico, de insatisfação e discordância em torno da atual política de juros negativos em alguns países do mundo. A forte queda das taxas longas de juros das economias desenvolvidas, em meio a queda nas expectativas de inflação, ajuda a dar um tom ainda mais sombrio ao cenário de curto-prazo.

Caso os dados econômicos não mostrem reação, existe um risco crescente de que o mercado possa voltar a questionar de maneira mais incisiva o poder dos bancos centrais em estimular suas economias, especialmente diante da experiência recente no Japão.

Nos EUA, o Michigan Confidence mostrou uma queda de 2,5% para 2,3% das expectativas de inflação de longo-prazo (5 a 10 anos). Não me parece um cenário positivo para ativos de risco, pelo menos neste curto-prazo.


Por hora, como comentei hoje cedo, os ativos locais devem seguir o humor global a risco.

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