Brexit?
A quarta-feira manteve o roteiro que descrevi hoje pela manhã,
apenas acentuando os movimentos de recuperação dos ativos de risco observados
pela manhã. Eu acredito que possa haver
uma questão técnica, de final de mês, trimestre e semestre, que possa ajudar a
trazer fluxos positivos para os mercados no curtíssimo-prazo. Contudo, estou
olhando para voltar a ter alguma posição na linha da busca por um portfólio que
vise um menor crescimento global após o Brexit. Assim, nos atuais níveis,
começo a ver espaço, novamente, para posições vendidas em bolsas dos países
desenvolvidos, mesmo que taticamente.
O
cenário base é de um crescimento global baixo, com alguma flutuação em torno
desta tendência, mas sem um risco agudo de recessão. Se (e enquanto) não houver
uma desaceleração global mais acentuada, ou algum problema financeiro em algum
lugar do mundo, os investidores buscarão ativos que ofereçam yields positivos,
como os ativos emergentes. Este cenário deverá ser revisado caso algum problema
global mais sério venha a ocorrer.
No Brasil, enquanto a bolsa e o câmbio seguiram o roteiro
externo, o mercado de juros ainda parece estar digerindo a mensagem do BCB após
o RI. A curva ainda trabalha com “prêmios” de queda de juros, o que é
totalmente compreensível dado o cenário esperado para o hiato do produto e para
as perspectivas de inflação. Contudo, a postura mais ortodoxa deste novo BCB
poderá implicar em um processo mais lento de queda de juros, o que pode vir a
manter o mercado sem momento, ou trigger
de curto-prazo, para o retorno de uma tendência de fechamento de taxa de juros.
Reforço que ainda vejo espaço para juros mais baixos no país no longo-prazo,
mas a política monetária de curto-prazo precisará ser reavaliada. Neste
contexto, as inflações implícitas continuam em processo de queda acentuada.
No tocante ao cenário econômico, os dados de atividade nos EUA
divulgados hoje basicamente reforçaram o cenário descrito acima, ou seja, de
crescimento baixo, porém de certa forma constante. Após um primeiro trimestre
de crescimento de 1% a economia dos EUA deverá crescer entre 2,5% e 3% no
segundo trimestre do ano. Por hora, o Brexit não parece ter afetado as
condições financeiras de maneira que venha a alterar o cenário de crescimento
para o país.
No Brasil, segundo nossa área econômica, a taxa de desemprego da PNAD contínua subiu de 10,6% para 10,8%, após
ajuste sazonal; Um parte da elevação é devido ao ligeiro aumento da taxa de
participação, mas a população ocupada como % da PIA continua caindo; O
rendimento nominal subiu na margem na leitura ano/ano (6,4%). Após ajuste
sazonal, o rendimento nominal apresentou forte recuperação e na média móvel
trimestral anualizada está rodando em 7,9%; O rendimento nominal tem correlação
com a inflação de serviços (longe de ser estreita) e sugere que a inflação de
serviços possa não desacelerar de maneira mais visível no curto prazo; Tendo em
vista que a população ocupada está encolhendo menos no ano/ano e o rendimento
real também contrai menos, a massa salarial real apresenta menos declínio
interanual; Entretanto, a contração da massa salarial real ainda sugere forte
contração de consumo.
>> O resultado
primário veio pior do que o esperado (-R$18,1bi vs. BBG: -R$15,8bi), boa parte
advinda da forte discrepância estatística (entre os resultados divulgados pela
STN e o BCB) no mês (de R$2,8bi). Além disso, o resultado primário dos governos
regionais ficou aquém do esperado (déficit de R$212milhões vs. expectativa de
superávit de R$700milhões). Vale mencionar que a discrepância estatística
acumulada entre fevereiro e junho tenderá a ser devolvida em julho (nova
metodologia de apuração) – ou seja, essa maior discrepância no resultado de
maio provavelmente jogará favoravelmente para o resultado de julho. O resultado
acumulado no ano é deficitário em 0,5% do PIB, bastante fraco na comparação
histórica (e vale lembrar que a sazonalidade fiscal é desfavorável até o final
do ano), mas nada pior o do que já esperado para o ano; O resultado primário
dos governos regionais continua piorando.
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