Fadiga do Rally?

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade neste momento, mas o rally verificado nos últimos dois dias parece estar perdendo momento. Reforço a minha tese de o final de mês, trimestre e semestre poder estar trazendo alguns fluxos pontuais aos mercados, mas que o Brexit trouxe um choque de expectativas que culminará em um crescimento global mais baixo no futuro não muito distante.

A nova rodada de fraqueza dos bancos na Europa, e na Itália, em especial, continua a me preocupar, já que acredito não haver um “plano de resgate” coerente para o setor, em meio a um cenário econômico frágil. Acredito que uma solução será encontrada, mas os policy makers costumam ser reativos, e não proativos, neste tipo de situação. Neste ambiente, os problemas tendem a se acentuar antes de serem resolvidos. As medidas corretas costumam ser adotadas, mas apenas depois de todas as outras serem testadas.

A agenda econômica trouxe uma forte alta da produção industrial da Coréia do Sul, muito acima das expectativas do mercado. O número traz uma ponta de esperança em relação ao crescimento da Ásia, mas é apenas um indicador isolado em meio a um cenário ainda desafiador. Precisamos de mais dados neste direção para termos um conforto maior em torno do cenário econômico para a Ásia.

De qualquer maneira, os indicadores econômicos globais, nos últimos dias, estão confirmando a minha visão de que o cenário base ainda seja de um crescimento baixo, porém relativamente constante, com pequenas flutuações em torno da tendência. O risco, que ainda não sabemos se irá se concretizar, é que algum choque, em algum lugar do mundo (Brexit? China?) venha a desviar a economia global desta tendência de baixo crescimento, para um cenário um pouco menos construtivo.

No Brasil, o news flow tem sido menos intenso. O governo segue em seu programa de ajuste econômico, com alguns desafios enormes, como as contas públicas. A Operação Lava-Jato continua a trazer ruídos políticos, mas com efeitos, por hora, reduzidos sobre o novo governo. Já o Banco central, demonstra que adotará uma postura mais ortodoxa, voltando a seguir o “livro texto” e os modelos econômicos.

O Ibovespa e o BRL apresentaram forte apreciação nos últimos dias. Em relação ao BRL, parece que questões técnicas estão ajudando o price-action. Além da zerada de alguns hedges no mercado de derivativos, já que não vemos fluxos no spot (vide o cupom cambial), a dinâmica mostra que alguns players podem estar tentando zerar operações de opções, que acabam por acelerar a apreciação da moeda. Algumas estruturas de opções, com strikes muito  ora do dinheiro, acabaram entrando rapidamente no dinheiro, forçando o mercado a acelerar a venda de dólar para evitar perdas ou proteger ganhos nas posições. Entendo que o momento seja de continuidade de apreciação, mas não vejo valor nos atuais níveis. Prefiro manter uma postura tática na moeda, mas por hora com viés neutro.


O mercado de juros ainda está digerindo a novo BCB. A curva ainda apresenta prêmios de queda de juros, mas assim deve permanecer por algum tempo. Vejo espaço para novos movimentos de realização de lucros e flattening da curva. Estou mantendo recomendações para a parte longíssima da curva de NTNB, observando o momento ideal para voltar as recomendações em juros nominais, na parte intermediária e longa da curva. Estou a espera de preços mais atrativos e/ou uma dinâmica melhor do mercado.

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