Crescimento global preocupa.
Estamos iniciando a quarta-feira com novas evidências de que
o crescimento global se mostra fraco e preocupantemente frágil. Na China, o PMI Manufacturing se manteve
em 50 pontos em maio. Na Área do Euro,
caiu de 50,7 para 50,5. Na Coréia do Sul,
as exportações de maio apresentaram queda de 6% YoY, muito abaixo das
expectativas de -0,4% YoY.
Ao contrário do tom positivo que os sell-sides estão dando a
manutenção do PMI da China em torno
de 50 pontos, eu vejo com extrema preocupação o cenário do país. A China passou
por uma forte expansão de crédito nos últimos meses, e o governo foi capaz
apenas de manter a economia em níveis de crescimento estáveis e, em patamares
baixos para o histórico recente de crescimento. Fica evidente que é necessário
cada vez mais crédito para um crescimento cada vez menor, em um clássico efeito
de “diminishing returns”.
A queda de 6% nas exportações da Coréia do Sul reforça a tese de que o crescimento da China e,
consequentemente, da Ásia como um todo, encontra-se em situação fragilizada,
não apenas sem sinais de recuperação, mas com o risco de uma desaceleração
adicional no futuro que se avizinha.
Na Europa, a
situação é um pouco menos preocupante, mas o crescimento corrente em torno de
1,5% não traz alento e manutenção do PMI nos atuais níveis aponta para riscos
baixistas para o crescimento, mesmo com o ECB mantendo uma política monetária
extremamente expansionista. Aqui, novamente, o efeito da política monetária se
mostra cada vez menos eficaz.
A notícia positiva ficou por conta do PIB na Austrália, cuja a alta de 1,1% QoQ no
1Q ficou acima das expectativas de 0,8% QOQ, dando suporte ao AUD essa manhã.
Eu mantenho minha visão de que o rally dos ativos de risco
(bolsas, commodities e etc) não é compatível com o cenário de crescimento que
estamos observando, assim como existem riscos (Brexit, Alta de juros nos EUA, Eleições
nos EUA, e etc) que deveriam demandar maior prêmio de risco dos mercados.
No Brasil, a Folha
afirma que o governo poderá negociar uma data limite para que a proposta do
teto dos gastos possa passar no congresso. A notícia mostra que não será fácil
implementar todas as medidas que vem sendo sinalizadas por este governo.
Diante dos riscos políticos do cenário local, tenho
concentrado meu risco na parte curta e intermediária da curva local de juros,
mercado que vejo um claro fundamento econômico para queda de taxas em um futuro
não muito distante, mesmo que em meio a um cenário político volátil. Mantenho
minha visão mais cautelosa com o Ibovespa e o BRL.
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