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Continuamos em meio a um cenário clássico de aversão a risco nos mercados globais. O referendo na Inglaterra ainda é o maior obstáculo para os ativos de risco neste momento, mas o pano de fundo de fragilidade da economia mundial ajuda a elevar a ansiedade dos investidores.

Reforço que as pesquisas ainda mostram um cenário bastante indefinido para a decisão do referendo, mas é inegável que o momento de curto-prazo está favorável ao “Leave”. As pesquisas desta semana mostram isso, a capa do The Sun explorou o apoio à saída, e as casas de apostas estão migrando nesta mesma direção. O índice da Bloomberg que busca medir a temperatura das casas de apostas passou o “Leave” para 43,28 hoje, saindo de 20 há poucos dias atrás.

Como tenho afirmado neste espaço, os ativos de risco devem se manter bastante sensíveis a este tema. A economia global ainda se mostra fragilizada, especialmente na Ásia e na China. O risco de uma recessão global é crescente. Um “choque” como este referendo poderia ser o evento necessário para “triggar” uma deterioração mais rápida e acentuada da economia mundial.

Por hora, o cenário base é de que o mundo cresça pouco, mas de maneira relativamente estável. Todavia, não há dúvidas de que os sinais de desaceleração da China, aliados ao referendo na Inglaterra, elevam a probabilidade de um evento mais negativo para a economia global.

Neste sentido, o forte fechamento de taxa de juros nos países desenvolvidos, a queda nas commodities e em alguns setores e algumas bolsas ao redor do mundo são sinais preocupantes de alerta aos investidores.

No caso de uma vitória do “Leave”, é natural um certo “pânico” de curto-prazo nos mercados, mas os Bancos Centrais ao redor do mundo estarão prontos para prover liquidez e o bom funcionamento dos mercados. Minha maior preocupação, contudo, fica por conta do choque de confiança, que poderia ter impacto imediato sobre o crescimento, em um ambiente em que a economia mundial já se mostra fragilizada.

Os ativos no Brasil segue seguindo o humor global a risco, como eu vinha alertando neste fórum. No cenário local, eu vejo sinais mais positivos, com a cena política sem grandes novidades, mas com importantes avanços nas propostas da equipe econômica. Continuo concentrando risco no mercado de juros reais, mas nos níveis de hoje acho válido voltar a adicionar algum risco na parte intermediária da curva local de juros. Sigo sem grandes visões no mercado de câmbio local e renda variável, mas me parece que está começando a se criar algum valor nestes mercados.

As vendas no varejo de maio nos EUA ficaram levemente acima das expectativas, com um qualitativo positivo. O número confirma uma recuperação da economia no segundo trimestre deste ano.

No Brasil, as vendas no varejo confirmaram um quadro de fraqueza do consumo, cenário que deve prevalecer até que o mercado de trabalho se estabilize. 

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