Update
Os ativos de risco tiveram mais um dia para digerir os dados de
emprego nos EUA, ajudados por um
discurso de Yellen, já pre agendado. Yellen procurou manter um tom construtivo
com relação a economia americana, mas o foco do seu discurso nas incertezas do
cenário econômico (local e global) mostra que uma alta de juros no FOMC de
junho parece descartada. Uma alta nos próximos meses dependerá, a grosso modo,
dos dados econômicos.
O mercado já precificava probabilidade baixa de uma alta de
juros em junho, e basicamente manteve a curva curta de juros nos mesmos níveis
do pós-Payroll de sexta-feira. Os ativos de risco permaneceram sem muita
volatilidade, com destaque para o movimento de alta da bolsa dos EUA, ajudada
pelo suporte das commodities.
Eu acredito que o debate em torno do timing para uma alta de juros pelo Fed irá continuar “vivo”, “sambando”
de acordo com os números de atividade e inflação. Como pudemos observar nas
últimas duas semanas, o processo de alta de juros que será seguido pelo Fed é
importante para dinâmica do dólar no mundo, mas não necessariamente para outras
classes de ativos. Na ausência de uma alta mais expressiva das pressões
inflacionárias, o mercado se mostra muito tranquilo com este processo e está
dinâmica.
Confesso que minha maior preocupação de curto-prazo é se o
mercado, em algum momento, irá questionar a sustentabilidade do baixo
crescimento global atual, vislumbrando de maneira mais evidente um período de
desaceleração adicional ou recessão, em meio a um cenário de menor potência dos
instrumentos de política monetária. Se tivermos uma consolidação deste cenário,
mesmo que seja apenas um aumento de probabilidade, não a realização efetiva,
deveria gerar uma reprecificação de algumas classes de ativos.
No Brasil, o técnico do mercado continua mostrando ser um vetor determinante
para o desempenho de curto-prazo dos ativos. Nos últimos dias, vi muitos
investidores mais céticos com o governo Temer, reduzindo posições aplicadas em
juros ou montando hedges através de
compradas de USDBRL. Não é à toa que o BRL vem apresentando um desempenho
bastante robusto nos últimos dias, assim como mercado de juros, após uma breve
realização de lucros observado na segunda metade do mês de maio.
A sabatina de Ilan será relevante, como ponto de partida para o
seu pensamento em relação a política monetária no país. Com o BRL novamente em
torno de 3,50, será fundamental observar a disposição do BCB em voltar a
reduzir o estoque de swaps cambiais.
Comentários
Postar um comentário