Risk-On!

Na minha visão, há três pilares que estão ajudando na recuperação dos ativos de risco nos últimos dias:

1 – O final de mês, trimestre e semestre e, talvez, o famoso efeito de “window dressing”, que esteja trazendo fluxos aos ativos de risco;
2 – A sinalização dada pelo ECB e pelo BoE de que devem divulgar novas medidas de estímulo monetário;
3 – O anuncio de um plano inicial de ajuda aos bancos da Itália.

Acredito que o pilar (1) se encerrará em breve.

O pilar (2) tem efeito limitado. Mal comparando, é como dar drogas adicionais a um viciado em drogas. A pessoa se sente bem por um tempo, até que o corpo não aguenta mais e cai em colapso. Os juros baixos (e negativos) e o QE tiveram seu valor em evitar uma crise mais aguda do mundo mas, na minha visão, tem efeitos cada vez mais baixos com custos cada vez mais elevados. Não me parece que serão, sozinhos, capazes de reverter a tendência de baixo crescimento global.

O pilar (3), de todos eles, me parece o mais positivo. A medida anunciada ajuda a lidar com a crise dos bancos da Itália, mas não resolve definitivamente o problema, mas é sem dúvida positiva. (The European Commission on Sunday authorized Italy to use government guarantees to create a precautionary liquidity support program for their banks, a spokeswoman for the European Union’s executive arm said, adding that the program was approved under the bloc’s “extraordinary crisis rules for state aid.” The liquidity support program includes up to €150 billion ($166 billion) in government guarantees, said an EU official. The commission spokeswoman declined to comment on the amount of guarantees that were authorized, but said that the budget requested by the Italian government had been found to be proportionate. The Italian economy ministry declined to comment. The spokeswoman said only solvent banks would qualify for the liquidity support program, which has been authorized until the end of the year.)

De qualquer maneira, nos EUA, o Jobless Claims se manteve em níveis saudáveis. O Chicago PMI saiu de 49,3 para 56,8 pontos em junho, muito acima das expectativas de 51,0. O indicador de emprego, contudo, recuou para o menor nível em alguns anos, mostrando desaceleração do mercado de trabalho.

O cenário que tenho descrito aqui continua a se concretizar, ou seja, crescimento baixo, porém constante, com flutuações em torno da tendência. O risco continua a ser um choque inesperado na economia mundial.


O Brasil está seguindo o humor global a risco, com a curva local de juros ainda se ajustando para a nova postura do BCB. Assim, segue o movimento de flattening e de queda das inflações implícitas. Vejo pouco valor no BRL a 3,2, e gostaria de ver mais prêmio na curva de juros nominas antes de adicionar posições mais relevantes.

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