A espera do Payroll.

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade essa manhã, a espera dos dados de emprego nos EUA. Dado a dinâmica recente dos ativos de risco, minha impressão é de que apenas uma combinação de números muito fora do consenso será capaz de alterar as tendências recentes do mercado, leia-se, dólar forte, bolsas bem suportadas e commodities mais pressionadas, exceto pelo petróleo. Nos mercados locais, minha impressão e que um número que não altere o status-quo pode vir a trazer fluxos para os ativos brasileiros, facilitando mais uma rodada de apreciação de Bolsa, Juros e Câmbio no curto-prazo.

No cenário externo, o Caixin Services Manfacturing da China caiu de 51.8 para 51.2 pontos em maio. O número tem um baixo poder de previsão para o terceiro setor mas, de qualquer maneira, reforça a visão de que estamos diante de uma desaceleração do crescimento do país, após uma recuperação cíclica verificada nos últimos meses.

O fluxo semanal para ativos EM mostrou estabilidade na última semana. Segundo a Barclays:In the week to 1 June, flows into EM dedicated equity and bond funds were broadly flat. The deterioration in EM fund flows over the past few weeks has hence been halted, at least temporarily. Notably, inflows into EM hard-currency bond funds resumed, albeit at a moderate pace, and EM dedicated equity funds did not experience further outflows. Fund flows appear to reflect a relative calm in EM assets, ahead of the global macro risk events later this month, such as the Fed rate decision on 15 June and the UK EU referendum on 23 June.

No Brasil, a justiça disponibilizou para a sociedade a delação premiada de Nestor Cerveró. Até onde pude observar, a delação indica os mesmos personagens que já estão há meses frequentando o noticiário da Operação Lava-Jato. Em um primeiro momento, a delação parece colocar o governo Dilma e seu entorno em situação ainda mais complicada, mesmo que exista pressão sobre alguns membros do PMDB, especialmente os caciques do partido no Senado. O mesmo vale para a delação premiada de “Bené”, empresário ligado a Fernando Pimentel em Minas Gerais, cuja a revista Época teve acesso.

No campo político, aliados de Temer estão tentando acelerar o processo de impeachment, com uma clara preocupação com os ruídos que tem sido criados em torno da decisão final.

A mídia está especulando que o governo pode vir a flexibilizar algumas das medidas que anunciou até o momento, como o teto para o reajuste dos gastos. Eu acredito que para serem aprovadas, praticamente todas as medidas precisarão ser negociadas. Será muito difícil aprovar as medidas da maneira que a equipe econômica propõe. Contudo, não vejo isso com grande preocupação. Faz parte da democracia e do jogo político. É importante observar, todavia, se o governo irá prosseguir com medidas adicionais para que as contas públicas sejam ajustadas. Estamos no meio de um longo e turbulento processo de ajuste econômico. O sacrifício será generalizado e os ruídos em torno das medidas serão imensos. Teremos momento de otimismo, seguidos de momentos de decepção. Entretanto, todo processo de ajuste é naturalmente complicado de ser implementado, o que acaba gerando ruídos políticos que devem ser vistos como naturais.

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