Quadro técnico prevalecendo,
Os ativos de risco continuam mostrando uma dinâmica bastante técnica.
Desde a divulgação dos fracos dados de emprego nos EUA, vimos uma clara
tendência de enfraquecimento do dólar no mundo, concentrado nas moedas que
haviam depreciado mais contra o dólar nas semanas anteriores a divulgação dos
números. O petróleo atingiu seu maior patamar em alguns meses, testando
novamente um patamar acima de US$50, enquanto as bolsas dos EUA giram muito
próximas a seus picos históricos. Este ambiente, por motivos óbvios, está
tirando pressão da classe de ativos emergentes.
Vale mencionar a forte pressão sofrida nas commodities
metálicas, lideradas pelo Cobre. Alguns números de aumento de estoques parecem
ter sido fundamentais para o movimento. Contudo, historicamente, o Cobre é
visto como um importante indicador para o crescimento global, devido a sua
utilização em várias áreas importantes para o investimento em infraestrutura.
Assim, a pressão dos últimos dias deve ser acompanhada de perto.
Como o Brasil não é uma ilha totalmente isolada do cenário
externo, mesmo que vivendo um cenário local muito específico, acabou afetado
por esta dinâmica externa. Vale ressaltar, aqui, que o quadro técnico também
parece estar fazendo preço. A terça-feira foi de abertura de taxas de juros,
mercado em que se concentram as maiores posições dos investidores, mesmo em um
dia de forte queda do dólar. Em relação ao dólar, a ausência do BCB nos swaps
cambiais, o movimento externo, e a utilização da moeda como hedge para as
posições de juros, foram vetores preponderantes para o movimento dos últimos
dias.
Em relação ao cenário econômico, nos EUA, os dados finais de Produtividade e Custo Unitário do Trabalho
mostraram um quadro de aumento de custos e baixa produtividade, um ambiente que
costuma se traduzir em lucros corporativos comprimidos. Esta tendência não é
recente, e já pode claramente ser observada nos lucros trimestrais do setor
corporativo norte americano.
No Brasil, o IGP-DI
ficou acima das expectativas em maio, confirmando alguns sinais que a coleta do
atacado já vinha mostrando. Ainda vejo um cenário de inflações mensais menores
em um futuro próximo, mas é evidente que existe um risco altista para inflação
dos próximos dois meses. Em linhas gerais, a desaceleração mais acentuada da
inflação, tão aguardada pelo mercado, vem sendo constantemente adiada.
Neste ambiente, será importante observar a postura do BCB no
câmbio. Caso opte por não intervir no mercado, ou atuar de maneira apenas
pontual, deixando o mercado se ajustar, poderemos ter um BRL mais apreciado
ajudando a inflação e a convergência a meta, facilitando o trabalho de política
monetária do BCB.
O cenário político continua incerto, e assim deverá permanecer
até que a Lava-Jato atinja seu objetivo final. Acredito que, por hora, as
notícias recentes não passem de ruídos de curto-prazo. Contudo, temos que ficar
sempre alertas a qualquer potencial enfraquecimento do atual governo. Como
comentei pela manhã em relação aos investigados (segundo o que foi ventilado
pela mídia): Em relação aos pedidos de prisão, um
potencial afastamento de Renan preocupa por ele ser o presidente do Senado, e
seu vice ser atualmente da oposição (do PT), o que poderia prejudicar a pauta
do governo no decorrer do tempo. O enfraquecimento de Jucá tende a ser negativo
para Temer, dado sua proximidade com o presidente interino, sua boa relação no
Congresso e seu perfil técnico no tocante a questões políticas e de orçamento.
Continuo focado no mercado local de juros. No curto-prazo,
trocamos um pouco de risco Pré por risco NTNB, dado os riscos da inflação nos
próximos meses. Continuo sem grandes visões estruturais em relação ao BRL e ao
Ibovespa, preferindo adotar postura tática. Em relação a curva local de juros,
ainda não tenho convicção em quando será o início de um ciclo de queda de
juros, o que torna a parte curta da curva pouco trivial nos atuais níveis.
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