Risk-On!
Na ausência de
novidades relevantes além do G20 (comentado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/g20-cessar-fogo.html),
os ativos de risco tiveram uma noite de bastante otimismo, movimento que tem
sequencia essa manhã. Observamos um “risk-on” generalizado, com as bolsas subindo
mais de 2% ao redor do mundo, um dólar fraco, commodities em forte alta,
lideradas pelo Petróleo, e abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido.
Em relação ao
Petróleo, a região de Alberta, no Canada, pediu um corte extraordinário de produção
com o intuito de ajudar a estabilizar o preço da commodity, especialmente do tipo
de petróleo produzido no Canada.
Os movimentos de
hoje estão em linha com o que tenho descrito neste fórum desde a semana passada
(aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/year-end-rally-configurado-e-reforcado.html,
aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/a-janela-de-oportunidade-continua.html
e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/uma-janela-de-oportunidade-para-o-bom.html).
Acredito que esta janela positiva poderá
perdurar por algumas semanas, talvez alguns meses. Olharia janeiro a meados de
fevereiro como um target de timing para este movimento. Contudo, ficarei
atento a alguns vetores para uma eventual mudança de tendência: posição técnica,
preços e valuations, inflação e
mercado de trabalho nos EUA e os sinais em torno do crescimento global.
Caso a inflação nos EUA mostre nova rodada de
aceleração, assim como o mercado de trabalho, poderemos observar a manutenção
do processo de normalização monetária do Fed em 2019, o que seria uma enorme
restrição ao bom desempenho dos ativos de risco. Na mesma linha, se o
crescimento global mostrar fragilidade adicional, o cenário poderá se mostrar
mais desafiador do que esta janela positiva aparenta.
Em termos de portfólio, como comentei na semana
passada: No Brasil, ainda vejo o mercado
de renda variável como a classe de ativo mais bem posicionada em termos
de valuations, posição técnica e fundamentos para se expor a este cenário.
Vejo a parte curta da curva de juros sem muito prêmio, mesmo diante de um
ambiente favorável a juros baixos por mais tempo. Há espaço para compressão de
prêmios na parte longa da curva. Para quem visa um horizonte mais longo de
investimentos, as NTN-Bs longas parecem ser uma boa opção de investimentos
alocativo, de longo-prazo. Finalmente, no câmbio, vejo espaço para alguma queda
tática do dólar. De maneira mais ampla, ainda gosto desse ativo como hedge das
demais posições mais otimistas, especialmente via estruturas de opção.
No cenário internacional, o S&P poderá
testar novamente o pico do “range” recente, em torno de 2.850. Acima disso, já
será um movimento mais desafiador. Para compor o portfólio, encurtaria a
posição tomada em Treasury para a parte mais curta da curva, entre 2 e 3 anos.
Há oportunidades de tomar taxas em outras economias no mundo desenvolvido e em
pequenas economias europeias. Gosto do Ouro e do JPY como composição de
portfólio. Poderemos observar alguma descompressão nos ativos de renda fixa no
curto-prazo, mas olharia para revender HYG e JNK caso a melhora do mercado
continue.
Vejo o S&P próximo
ou acima de 2.850 como uma boa oportunidade de venda para compor um portfólio
mais positivo em Brasil e EM no geral. O mesmo vale caso o HYG e JNK mostre
alguma recuperação adicional.
Continuo vendo o
movimento recente como um movimento mais tático do que estrutural. Assim,
recomendo uma administração ativa do portfólio, a busca constante por hedges e
a manutenção de uma carteira líquida. Ainda vejo um cenário de menos tendências
prolongadas e mais movimento táticos ao longo dos próximos meses. Estamos em
uma janela positiva.
No Brasil, algumas notícias em torno do
eventual apoio de Bolsonaro no Congresso. Acredito que os sinais emitidos pela
equipe econômica são positivos. Entendo que existe um enorme desafio de
implementação da agenda econômica. No curto-prazo, o cenário internacional
deverá prevalecer sobre as questões locais. No longo-prazo, sem dúvida, o
mercado cobrará a concretização da agenda econômica. Não acho que estamos ainda
nesta fase do ciclo político nacional.
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