Risk-On!


Na ausência de novidades relevantes além do G20 (comentado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/g20-cessar-fogo.html), os ativos de risco tiveram uma noite de bastante otimismo, movimento que tem sequencia essa manhã. Observamos um “risk-on” generalizado, com as bolsas subindo mais de 2% ao redor do mundo, um dólar fraco, commodities em forte alta, lideradas pelo Petróleo, e abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido.

Em relação ao Petróleo, a região de Alberta, no Canada, pediu um corte extraordinário de produção com o intuito de ajudar a estabilizar o preço da commodity, especialmente do tipo de petróleo produzido no Canada.


Acredito que esta janela positiva poderá perdurar por algumas semanas, talvez alguns meses. Olharia janeiro a meados de fevereiro como um target de timing para este movimento. Contudo, ficarei atento a alguns vetores para uma eventual mudança de tendência: posição técnica, preços e valuations, inflação e mercado de trabalho nos EUA e os sinais em torno do crescimento global.

Caso a inflação nos EUA mostre nova rodada de aceleração, assim como o mercado de trabalho, poderemos observar a manutenção do processo de normalização monetária do Fed em 2019, o que seria uma enorme restrição ao bom desempenho dos ativos de risco. Na mesma linha, se o crescimento global mostrar fragilidade adicional, o cenário poderá se mostrar mais desafiador do que esta janela positiva aparenta.

Em termos de portfólio, como comentei na semana passada: No Brasil, ainda vejo o mercado de renda variável como a classe de ativo mais bem posicionada em termos de valuations, posição técnica e fundamentos para se expor a este cenário. Vejo a parte curta da curva de juros sem muito prêmio, mesmo diante de um ambiente favorável a juros baixos por mais tempo. Há espaço para compressão de prêmios na parte longa da curva. Para quem visa um horizonte mais longo de investimentos, as NTN-Bs longas parecem ser uma boa opção de investimentos alocativo, de longo-prazo. Finalmente, no câmbio, vejo espaço para alguma queda tática do dólar. De maneira mais ampla, ainda gosto desse ativo como hedge das demais posições mais otimistas, especialmente via estruturas de opção.

No cenário internacional, o S&P poderá testar novamente o pico do “range” recente, em torno de 2.850. Acima disso, já será um movimento mais desafiador. Para compor o portfólio, encurtaria a posição tomada em Treasury para a parte mais curta da curva, entre 2 e 3 anos. Há oportunidades de tomar taxas em outras economias no mundo desenvolvido e em pequenas economias europeias. Gosto do Ouro e do JPY como composição de portfólio. Poderemos observar alguma descompressão nos ativos de renda fixa no curto-prazo, mas olharia para revender HYG e JNK caso a melhora do mercado continue.

Vejo o S&P próximo ou acima de 2.850 como uma boa oportunidade de venda para compor um portfólio mais positivo em Brasil e EM no geral. O mesmo vale caso o HYG e JNK mostre alguma recuperação adicional.

Continuo vendo o movimento recente como um movimento mais tático do que estrutural. Assim, recomendo uma administração ativa do portfólio, a busca constante por hedges e a manutenção de uma carteira líquida. Ainda vejo um cenário de menos tendências prolongadas e mais movimento táticos ao longo dos próximos meses. Estamos em uma janela positiva.

No Brasil, algumas notícias em torno do eventual apoio de Bolsonaro no Congresso. Acredito que os sinais emitidos pela equipe econômica são positivos. Entendo que existe um enorme desafio de implementação da agenda econômica. No curto-prazo, o cenário internacional deverá prevalecer sobre as questões locais. No longo-prazo, sem dúvida, o mercado cobrará a concretização da agenda econômica. Não acho que estamos ainda nesta fase do ciclo político nacional.




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