Fragilidade ainda presente. “Bear market rally”, posições relativas e busca por “alpha”.


Após o forte rally verificado ontem, estamos observando mais uma rodada de queda nas bolsas globais essa manhã, com os futuros de S&P caindo cerca de 1% neste momento. Comentei sobre o “bear market rally” na noite de ontem e sobre as perspectivas futuras, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/risk-on_26.html.

No Brasil, a Folha traz alguns artigos um pouco mais negativos no tocante a articulação política do governo e ao avanço das reformas:



Por ora, vejo essas matérias como normais em um inicio de governo e a apenas como ruídos de curto-prazo. A “prova de fogo” será depois do Carnaval quando o ano legislativo começa de fato e o governo precisará mostrar coordenação para colocar em pauta tudo aqui que vem sendo apresentado e discutido.

Volto a reforçar que a situação cíclica do país ajuda muito, com recuperação da confiança e do crescimento, melhora gradual do mercado de trabalho, inflação baixa, juros baixos, contas externas saudáveis e situação corrente relativamente tranquila para as contas públicas, a despeito dos enormes desafios de longo-prazo. Essa combinação ajuda o mercado a dar o benefício da dúvida ao governo em um primeiro momento, mas poderá funcionar como uma “mola propulsora” para o lado negativo caso as reformas não avancem ao longo do ano.

Na China, o Industrial Profits apresentou contração pela primeira vez em cerca de 3 anos. O número mostra que a economia do país segue em processo de desaceleração e com sinais latentes de fragilidade. Enquanto não houver uma estabilização clara da economia chinesa, dificilmente o mercado e os investidores terão condições mais claras de estabilizar a dinâmica dos ativos de risco.

A agenda do dia terá alguns importantes indicadores de confiança, emprego e crescimento nos EUA.

Reforço o que escrevi na noite de ontem:

Acredito que podemos ter alguma estabilização do humor no curto-prazo com o S&P, por exemplo, podendo buscar o patamar de 2.600/2.650 pontos. Contudo, ainda vejo um cenário econômico global desafiador em termos estruturais. Assim, continuo recomendando um portfólio mais relativo do que direcional.

Na ponta otimista, ainda vejo alguns ativos no Brasil e nos países emergentes como boas alocações (renda fixa e juros reais longos. Não gosto da parte curta e intermediária da curva de juros. Usaria o BRL como hedge das exposições positivas). Na ponta negativa/hedge, estou olhando com carinho posições vendidas em USD contra alguns pares de G10 (JPY, CHF, GBP, talvez EUR), assim como o Ouro e alguns spreads de bonds na periferia da Europa. Nos atuais níveis de preço e volatilidade implícita, prefiro esperar algum rally adicionalantes de recomendar hedges em estruturas de opções em Ações, HY e afins.

Para quem tem visão de longo-prazo e alocações mais estruturais, recomendo fundos de maior busca por “alpha”, fundos de “valor” em detrimento a “momento” ou “crescimento”. Gestores que se apropriam melhor de movimentos táticos do que de grandes tendências tendem a mostrar melhor desempenho no ambiente atual. O desafio é ter acesso a eles.


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